quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Presente de natal

Publicaram! Para coroar 2008!

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http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=517FDS007

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E tenha um Feliz Natal!

Encerrando os trabalhos desse ano, em que o blog cresceu e ganhou razoável visibilidade, recebendo visitantes de mais de 100 países, venho apenas agradecer os elogios que muitos fizeram, as críticas que também recebi, que serviram para não me acomodar. Agradeço as inúmeras visitas que sempre são o incentivo para continuar postando e melhorando a cada dia. Obrigado também pela compreensão, pois nesse ano atribuladíssimo, não consegui manter o blog atualizado constantemente, e mesmo assim as visitas e os pageviews não diminuíram, graças a você leitor. Obrigado mais uma vez. Para os leitores e parceiros deste blog e suas caríssimas famílias desejo um Santo Natal e Um Ano Novo cheio de bênçãos da providência divina. Até 09 caríssimos!


domingo, 21 de dezembro de 2008

O poder de desvirtuar

A quarta-feira, dia 17 de dezembro desse ano foi um dia anômalo no cotidiano político representativo brasileiro; 02h00min da manhã ligo a televisão e de sorte estava na TV Senado, vi um plenário lotado, e fiquei incrédulo quando vi que estava ao vivo, comecei a assistir, pois não é todo dia que vemos semelhantes milagres, percebi que estavam votando várias PEC’S, entre essas, compunha a pauta de votação a PEC 20/08, relativa ao aumento do numero de vereadores nas câmaras. Quando essa entrou em votação e ganhou com um esmagador 58 a 5, ecoou estrondosos gritos de comemoração, por parte de um grupo numeroso de vereadores presentes na sessão, seguida de uma calorosa salva de palmas da maioria dos senadores que ali estavam inclusive do presidente do senado. Não compreendi muito bem aquela atitude dos senadores, particularmente não estava a par da situação, logo, encarei com normalidade. Só depois, entendi o quanto pode ser despóticas, tirânicas e irresponsáveis as decisões do senado. Atravessaram o ano todo e somente agora resolveram trotar essa intensiva de aprovações desordenadas e afoitas perante o recesso bem vindo, atropelando qualquer tipo de ética que posso haver, pois é lógico que a sociedade civil e desfavorável ao acréscimo de mais de 7 mil vereadores. E para mostrar ainda mais a insolência da aprovação dessa PEC, o senado, driblou a redução de gastos, e suprimiu a parte do texto que limitava os gastos das câmaras, numa amostra grátis e perversa de não reger o erário público. 

Partindo para outro enfoque, nesse mesmo dia aconteceu a reunião da CPI da pedofilia, na qual deveria ser totalmente assinado o termo de cooperação com as empresas de telecomunicações e provedoras de Internet. O qual irá definir mecanismos de armazenamento de dados de usuários de Internet e fornecimento de informações, às autoridades policiais, sobre internautas investigados pela prática de crimes contra crianças e adolescentes. Mas, após quatro meses de discussão entre representantes das empresas, CPI, Polícia Federal, Ministério Público Federal, SaferNet - ONG de defesa dos direitos humanos - e Comitê Gestor de Internet, apenas TIM, Oi Telemar e Brasil Telecom chancelaram o documento. Inexplicavelmente, provedores de grande magnitude como Telefônica, Vivo, Claro, Terra, My Space, Abranet, Abrafix, IG, Net e UOL, harmonicamente orquestraram as suas ausências ao ato de assinatura do termo, desprezando o gesto de tamanha importância contra os crimes virtuais que atingem a moral dos cidadãos seus consumidores. Muito estranho a UOL, logo ela, que em seu portal armazenou por tempo considerável, uma sala de bate-papo denominada “incesto” criada pelo pai-de-santo e operador de telemarketing Márcio Aurélio Toledo, 36 anos, sujeito que segundo a policia utilizava a sala de bate-papo para se comunicar com supostos pedófilos, para quem ele aliciava crianças. Por cima de todo esse painel de escárnio, e para denotar a vileza e abjeção com que a mídia trata os fatos, foi óbvio e evidente que por ser referente a empresas diretamente ligadas aos seus lucros financeiros, o assunto foi manejado de maneira tímida e corriqueira por parte da imprensa, sem detalhamentos. Em nenhum nível jornalístico o tema não ganhou o destaque merecido; passou em branco nos jornais falados, impressos e digitalizados. A mídia com seu papel de informar, alertar e mostrar a verdade novamente sucumbe diante dos interesses mercadológicos. Em tempos de crise talvez valha tudo.

sábado, 13 de dezembro de 2008

O clima de Natal

Alegria, amor, festa, fé, luzes, papais noéis, presentes, neste Natal, diante da frágil situação econômica que o mundo esta envolto, e do modo como as coisas estão arranjadas no nosso país, temos que aguçar nossos sentidos e ainda rever alguns conceitos ultrapassados que insistimos em conservar. É verdade que em varias ocasiões a mídia atemoriza a população, e isso não é de agora, desde o inicio da redemocratização onde o cenário inflacionário emergia como o grande vilão das finanças do país, o jornais já cumpriam seu papel de super-alertar o povo, e hoje acontece semelhante, o discurso conservador de “poupar para prover” já vem sendo mastigado há muito tempo. Mas a lógica da economia é outra, e cruel, e perversa, se não houver consumo por parte da população, ela mesma vai sofrer com o desemprego gerado pelo “efeito domino no circulo espiral”, que evolui derrubando a partir do arco maior até o menor. Por isso é necessário e prudentemente essencial mantermos a economia aquecida, para nos mantermos resguardados de qualquer má influência do derretimento do mercado americano. Isso não é apenas uma questão de repetir o discurso lulista, mas sim a maneira de continuar a percorrer a senda do desenvolvimento e crescimento com bases sólidas. O governo esta realmente tomando as precauções corretos com relação à oferta de credito ao consumidor, porque, como disse o presidente: "Se a gente permitir que a economia pare, estamos desgraçados”.

 
O Brasil é o país do ano em infra-estrutura segundo a Agência de Comércio e Desenvolvimento dos Estados Unidos, temos hoje as menores taxas de desemprego da historia da nação; manter esse panorama estável e algo imprescindível para os anseios de evolução que queremos para o futuro do país. Nesse Natal o amor deve ser canalizado ao nosso próximo, às vitimas das enchentes em SC; deixar avarezas e mesquinharias fora da ceia; não precisa economizar nas luzinhas e nem nos enfeites da árvore, Natal no vermelho, só mesmo a roupa de Papai Noel. Para se ter boas festas e uma comemoração despreocupada, basta um pouco de comedimento e sensatez na hora de escolher e ingerir o prosecco. E para viajar nas férias o melhor destino é o Brasil, investir em nós mesmos, índole de fraternidade, condescendência; o turismo também é uma forma de mercado que deve ser largamente consumido pela população, sobretudo, internamente. Porque não buscar conhecer os vários brasis, esse ano, nada de neve e nem bonecos de neve, tampouco anjos de neve. Com o dólar instável, subindo mais do que diminuindo, torna-se, digamos, mais solidário, aplicar na nossa moeda, nosso dinheiro, que de uma forma ou outra retornará para nós como beneficio. O brasileiro comum deve abster-se dessa onda de crise, fugir com destreza da paranóia que a imprensa esta criando. Metaforicamente. ‘O intento nesse Natal é incorporar o espírito de consumo americano, tendo fé na economia, e acreditando que a salvação está dentro de si mesmo’.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Balanço final

Considerada essa uma das melhores temporadas de futebol na historia desse esporte no Brasil; em 2008 não faltaram emoção, vibração e nem gols, muitos gols, mas está chegando ao fim, contudo, mesmo com números estatísticos lucrativos e entusiasmantes, em termos gerais não podemos afirmar que esse tenha sido um ano ímpar nem dentro e tampouco fora do campo de jogo. Os erros e camaradagens de toda a vida futebolística brasileira continuam embaraçando e desafiando o brio do esporte mais praticado aqui, a maldição do dirigente-ditador-amador ainda persiste em alguns clubes, os quais estão em situação nada animadora com relação à estrutura física e material humano. Ainda no ambiente externo aos gramados, o órgão disciplinador do desporto no país também se apresenta ostensivamente incôngruo e desaprumado, largamente criticado por absolvições inaceitáveis, em outras vezes por punições exageradas, está sempre no foco da polemica, não obstante disso tem poder limitadíssimo, qualquer ação por mais fervorosa que seja em diversas ocasiões e restringida por simples liminares, armistícios, etc. e tal. O famigerado efeito suspensivo é outro dos males do STJD, causou grande furor em julgamentos de jogadores importantes, que acabaram isentados da pena. Ainda fora de campo, a imprensa esportiva continua a mesma, senão pior, o jornalismo bairrista recheado de interesses subsiste vulgarmente; o desaparecimento da mídia de jornalistas com credibilidade, em revés com aparecimento de crápulas libertinos sem instrução moral é um fato a lamentar e a colocar no altar da decadência da mídia –marqueteira-esportiva brasileira. Exportar jogadores brasileiros nunca foi um negócio tão rentável como nos últimos anos. Em 2007 a venda de atletas para o exterior bateu recorde, atingindo a marca de US$ 222,6 milhões. A balança comercial do futebol em 2008 apresentou um sutil equilíbrio, isso graças a um fenômeno inédito, a grande invasão de jogadores estrangeiros, sul-americanos, principalmente argentinos, chilenos, mas não há exceção, tivemos bolivianos, paraguaios, uruguaios, colombianos, todos aos montes, estamos mais atrativos ou estamos produzindo menos talentos? Talvez sejam a combinação desses dois fatores, aliado a grande “fuga de cérebros” talentosos para países sem expressão no futebol mundial, arábias, EUA, leste europeu, etc.. Craques no nosso país só se estiverem em recuperação ou em fim de carreira; a nova moda é declarar amor a um clube antes de ser transferido para o exterior e dizer que um dia deseja voltar a esse clube. 

O estatuto do torcedor consolida-se como uma lei que não pegou, e mais, transformou-se num desrespeito, pois, a partir do momento que não há o cumprimento do estabelecido, o principal interessado sai lesado, ofendido, prejudicado com a falta de responsabilidade dos administradores dos clubes e federações. Nas arquibancadas a festa da torcida continua sendo um espetáculo à parte, em alguns estádios as famílias voltaram a freqüentar os jogos, embora isso não seja uma constante. Entretanto, as brigas entre torcidas organizadas estão cada vez mais se aperfeiçoando, agora os torcedores brigões marcam pela internet o lugar do embate, a falta de segurança e um elemento crucial na investida pela paz no futebol, e não só em tempos de Copa do Mundo. Esse ano a arrecadação foi algo estonteante, o total no Campeonato brasileiro gira em torno de R$ 95.770.022,35. Os cinco primeiros colocados do Campeonato brasileiro detêm os recordes de publico e arrecadação. São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo, juntos, tiveram lucro liquido de 46.024.160 milhões, e tiveram o apoio de 2.514.481 milhões de torcedores. Dentro dos gramados, imperfeitos, cheios de buracos, o jogo em si desenvolveu-se ala o basquete americano, times retrancados, jogando em contra-ataque, sem criatividade no meio campo, falta de habilidade, futebol-força, são os novos tons do futebol pentacampeão do mundo, um futebol enlatado. Dificilmente se vê lances geniais, dribles, o que aparenta é que os jogadores são desencorajados a fazer tais jogadas. A prática costumeira da troca excessiva de técnicos não desapareceu da cultura gestora-administrativa, se vê nesse entorno que inexiste qualquer tipo de plano de trabalho para o técnico. A arbitragem foi um ponto a ser destacada nessa temporada, repleta de altos e baixos, e nunca antes tão questionada; muitos times prejudicados, outros favorecidos, por exemplo, o líder São Paulo, segundo o site Globo Esporte, favorecido 12 vezes pela arbitragem. Definitivamente, um problema insanável e que merece ser observado a “olho cru” pela CBF. Os votos que ficam para 2009 é o de voltarmos a ter o futebol singular que tínhamos, mas que foi se esvaindo ao longo dos anos. Esperar que as administrações melhorem é uma peleja preferível de não enfrentar por enquanto, não adianta nos enchermos de expectativa. Mas, enfim, devolvam o nosso futebol.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ISO Brasil: brazilian way

O incontestável crescimento econômico no país, nos últimos anos, fez surgir uma massa de consumidores de turismo dentro da classe C brasileira, conseguintemente, a busca por turismo internacional sofreu um boom histórico, nunca houve tantos visitantes brasileiros pelo mundo. Também estão guardados nesse prisma os estudantes que partem para o exterior em busca de intercambio cultural e conhecimento. Em contraste com o esse virtual cenário de bonança no patamar econômico, outros brasileiros menos abastados, vêem noutros países, oportunidades de trabalho, e melhores condições de vida que no Brasil não se tem, são a maioria, os imigrantes sazonais. Os modos de vida do brasileiro no exterior são bastante peculiares, tão peculiares que ajudaram a montar a figura do cidadão brasileiro que é exportada para os gringos. O estereótipo socialmente construído sobre a imagem do imigrante brasileiro não é lá tão enaltecedor, muito menos digno; o ‘padrão-Brasil’ tem como primeira característica atribuída, a ilegalidade, sem o salvo-conduto nossos compatriotas são alvos em potencial de qualquer mínimo delito. Em tempos de crise, como agora, onde os instintos ultranacionalistas estão cada vez mais aguçados, a xenofobia torna-se um fenômeno nítido em qualquer nação rica e soberba; apontados a dedo-duro e enxotados da sociedade sob a acusação de tomar os empregos que poderiam ser dos cidadãos locais, passam por situações desagradáveis e constrangedoras. A burocracia e dificuldade que há para se ingressar em um país da Europa ou nos EUA mostram o magnânimo desprazer que têm em receber estrangeiros, sobretudo de país pobres. 

Continuando, o brasileiro adquiriu certa “fama” no cenário internacional, que é a de caçar ascensão social e destaque, seja pelos meios menos usuais possíveis, a exemplo da prostituta brasileira que se envolveu num caso libidinoso com o ex-prefeito de Nova Iorque; mas com certeza existem exemplos, mas agravantes, para não dizer detestáveis ou execráveis, o que nos deixa irresolutos como brasileiros, a ponto de envergonhar. Suportar a presença de um brasileiro no exterior parece está sendo uma tarefa a cada dia mais enfadonha; em eventos internacionais, transmitidos ao mundo, em que o Brasil esteja sendo representado de alguma maneira, sempre há um típico e estereotipado brasileiro com o inseparável “kit do brasileiro”: a peruca verde e amarela, a corneta nas mesmas cores e a glamorosa, exaltante e enorme bandeira do “brasilzão” nas costas, que com seus pandeiros e bombos, destoam um som grave no sensível tímpano do gringo. Expostos ao ridículo, essa aparência tem sido exportada como um produto, criou-se uma indústria; quem nunca notou aquele grupo de mulatas em trajes mínimos, dançando ao som do samba numa arquibancada qualquer pelo mundo. Incompreensível, é o fato de que quando estão em terras tupiniquins não demonstram esse nacionalismo exacerbado. Estando aqui há uma inversa, somos antropofágicos, queremos ser europeus, seguimos a mítica do macaco, sempre imitando, reproduzindo e admirando a cultura alheia, alienados, aceitando e gozando com aquilo que nos é imposto externamente. Falta nacionalismo, falta amor ao que é nosso quando estamos no nosso país. Deve ser essa a razão do brasileiro no exterior, poder liberar seu espírito verdadeiramente brasileiro.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Eu tenho um sonho

O povo americano já escolheu presidentes que se tornaram heróis nacionais e até internacionais, os nomes são inúmeros, desde George Washington, Thomas Jefferson, o grande Abraham Lincoln, Roosevelt, John Kennedy, Reagan, e por que não dizer, Bill Clinton. Políticos fascinantes que construíram o império americano sobre o mundo, mas em revés a isso, nem sempre o sufrágio decidiu pela opção mais positiva para os EUA. A unanimidade na escolha ingênua se vê em presidentes como os Bush’s, que só trouxeram ao país desastres militares e instabilidade econômica. Bem-aventuradas foram essas eleições de 2008, que deram um final merecidamente melancólico a uma política republicana antiquada, racista, ultraconservadora, idiossincrática absolutista, de incursões “anexadoras” fracassadas, e que vai sendo encerrada da pior maneira, um Estados Unidos com baixa credibilidade no cenário internacional, perdendo valores no conceito público, e com a economia à beira da bancarrota, um Estado débil. É um fim desgraçado e lastimoso para os cowboys do oeste.

Do lado vitorioso da moeda, a mudança, a renovação, mas, outrossim, o enigma; Obama herdará uma ruma de problemas, entre eles, índices de desemprego nunca vistos antes naquele país, o poder soberano das instituições financeiras em xeque, afetado por uma crise econômica nascida no coração economia mundial. Também, será uma questão a ser resolvida por Barack, as tropas americanas entranhadas em guerras por ai a fora. Porém, o que parece mais incomodar o eleitor americano é a ameaça de perca do status de: “país da independência”, bordão que já exauriu esse preceito há alguns séculos. Semelhante a uma produção dramática do cinema americano, a “salvação” vem de maneira contraditória, do lugar que ninguém esperava, ela vem do menor estado, vem do Havaí, uma minúscula ilha do Pacífico, para livrar da ruína os gigantes de Manhattan e companhia. Eleger um negro para a presidência representa um ‘sim’ para a democracia, também, denota a resposta positiva do soberano povo americano, que finalmente “caiu na real”, e pôde escolher no momento mais alarmante da sua história justificar a fama de povo independente; endireitou os seus caminhos, e optou pela mudança, substituiu aquilo que os vinha consumindo por aquilo que irá renová-los. As feridas do 11 de setembro já estão saradas, feridas que por vingança ou por medo, fizeram os americanos reelegerem G. Bush, mas o período das trevas é chegado ao fim. Metaforicamente, Obama simboliza o Sul escravista de joelhos pelo perdão ao negro escravizado, com já disse outro, Obama é preto, liberal, tem nome de muçulmano, Obama é tudo que a América nunca quis e que parece querer agora. O próprio Obama disse que consertar os erros de 8 anos de uma gestão catastrófica não será fácil e nem rápido, porém, com a força e grandeza do país e do povo americano, os Eua agarrarão com unhas e dentes o posto de nação número um. Será uma grande virada, gloriosa; voltarão a razão e a inteligência, que foram escorraçadas da América nos últimos anos.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Anjos e diabos

“Tem um anjinho e um diabinho aqui. O diabinho está falando pra fazer. Vai em frente, não pára”. Essa frase, para alguns, demonstra a fragilidade e instabilidade do estado psicológico do autor do crime, Lindemberg. Porém, outros peritos concluem que há na verdade um afloramento de caráter, o que evidencia a frieza e prepotência nas ações do rapaz. A questão explanada diz respeito à ausência ou presença da sanidade mental-intelectual ao sujeito do crime no momento fatídico. Mas não será esse ponto abordado aqui. É óbvio a todos, que sempre quando ocorre um crime doloso e é randomicamente adotado pela televisão que converte o factóide em um mix de novela e BBB, criando heróis, vilões, mocinhas e bandidos, mas que diferentemente da trama cavalheiresca genuína, nem sempre termina com um final feliz. Costumeiramente, à medida que a noticia escorre ao domínio público como um vírus contagioso, vai se tornado uma espécie de “sucesso”, um “hit do momento”, do qual as pessoas tratam de uma peculiar maneira, discutindo como se todo dia fosse o último capítulo. Dentro desse contexto é que entra em cena o assunto de maior relevância, a pena de morte, a qual, boa soma de brasileiros trata de modo despretensioso, e, pedantemente, mas isso é outro tema, o fruto da nossa condição sócio-educacional lastimável. No Brasil, poucos sabem, mas a pena de morte foi abolida parcialmente, atualmente só pode ser aplicada em tempo de guerra. Uma pesquisa CNI/Ibope sobre a pena de morte foi divulgada a 29 de Setembro de 2008, indicando que 54% dos entrevistados manifestaram opinião contrária à pena de morte, a favor da pena responderam 43%.

 Apesar de a maioria desaprovar esse tipo de punição, grande parte persiste em defender a pena capital, pois, muitos afirmam estar a favor como uma forma de mostrar seu descontentamento, ou sendo levados pela emoção da situação e até mesmo soltando uma bravata de momento, mas a avassaladora maioria é por pura falta de discernimento. As pessoas favoráveis, ao expressar sua opinião, muitas vezes são tidas com antiéticas; instituições de preservação da vida, como os direitos humanos, parecem ter mais afinidade com as câmeras em Santo Andre do que com o genocídio em Darfur, ou então com a guerra civil no Tibete, mas não adentraremos em tais questões.  

Na composição do mundo moderno, repleto de tabus morais e éticos, rígidos quase impenetráveis, os costumes de punir com a morte ficam restritos a países da África, Ásia e Oriente Médio e alguns desvios padrão como os Estados Unidos, lugar onde essa forma de repressão da violência funciona de maneira eficaz. O aço estrutural do pensamento conservador pode ser atribuído a igreja, cumpridora do seu papel, defende a cultura da vida, vendo a predisposição ao bem que há no homem, em contraste com a tendência atual do cultivo da morte. Em revés, paradoxalmente, em meio à banalização da criminalidade, diante de um exercício ineficaz da autoridade e de um poder corrupto por todo país, o senso comum e o juízo de valor das pessoas tendem a lastimar, a se queixar, num clamor em busca de uma mudança radical.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cordão sanitário

Já se passou o tempo em que os Estados Unidos ditavam as regras do jogo político no Continente americano, sobretudo e principalmente na América do Sul, onde governos neopopulistas se estabeleceram, tentando ressuscitar um período da História, as revoluções ultranacionalistas, ala Fidel e Che, revoluções em que o carro-forte era a aversão a dominação imperialista, na figura espoliante da bandeira americana, o fim tétrico dessas rebeliões se deu através de ditaduras que plugadas ao governo norte-americano massacraram o povo e a democracia por muitos anos. Com intuito, ou não, de reacender a chama de rivalidade capitalismo-socialismo dos tempos de guerra fria; atracou em águas venezuelanas para exercícios de praxe, navios de guerra russos, com toda a pompa cerimonial de Chávez, esse episódio suscitou a crise dos mísseis de Cuba de 1962, mas nada semelhante à rinha atual. O populismo também esconde a faceta do autoritarismo, volta e meia abrem um referendo ou plebiscito com propósitos de ampliar o poder, modificando a constituição ao estilo chavista acrescentando poderes especiais, o dito “hiperpresidencialismo”, o que o torna um absolutista, o produto disso é nacionalização de empresas estrangeiras, despotismo nas decisões governamentais, e no fim acaba sem exprimir os anseios do povo, daí então ocorrem fatos como a insurreição oposicionista que houve na Bolívia, a qual, embora violenta, buscava direitos civis, mas mesmo assim foi retaliada pelos cúmplices políticos de ‘esquerda’ do presidente Evo Morales.

O acirramento das questões diplomáticas entre os Estados Unidos e os países do “velho oeste” Sul-americano se estremeceram quando Evo declarou o embaixador dos EUA na Bolívia 'persona non grata'. Ele acusou Philip Goldberg de incitar as divisões políticas em seu país e de promover o separatismo; nada mais nada menos do que um pretexto para assumir posição de vitima diante dessa crise interna. Como o ‘intrometimento’ é costume na relação política entre os populistas latino americanos, Hugo Chávez além de também expulsar o embaixador americano em solo venezuelano, recitou a seguinte pérola: “América Latina não ficará de braços cruzados se Morales for derrubado. Já foi o tempo em que os EUA promoviam golpes e os demais países assistiam sem reagir”. Com a recessão na economia dos Eua que afetará de maneira direta ou indireta todos os mercados que tem relação intercambial efetiva de dependência, as coisas podem não ser tão catastróficas para nós e para os nossos vizinhos latinos do sul, não generalizando, mas se atendo aos principais países do continente, pois, visionando a situação atual em que já inexiste aquela eterna dependência econômica, de exportar a maior parte dos bens produzidos para os EUA, e tê-lo como o grande parceiro comercial, e é nesse ensejo que entra em cena o Brasil, economia em desenvolvimento que torna-se o par comercial dessas nações menores, suprimindo a parcial ausência estadudinense. Ou até mesmo como aconteceu durante e depois da grande depressão de 1929, onde a impossibilidade de importar, estimulou e abriu as portas para o crescimento da indústria e produção interna, assim o histórico de crise deixou efeitos relativamente benéficos à economia latino americana. Analisando da vertente positiva, e de uma certa maneira dando um valor plausível ao movimento esquerdista-populista nos moldes socialistas de Fidel, , logo porque esse afastamento, essa aversão, até mesmo a xenofobia que esse processo anti cultura norte americana traçou em países como Venezuela, Peru, Equador, Bolívia, nas figuras dos seus déspotas "desesclarecidos", serviu para livrar da constante influência dos EUA na região, ficando assim isentos de sujeição. De uma forma simples, toda a atitude de se libertar da dominação política e econômica americana surtiu efeito agora, no momento preciso, a América se vê livre, tendo imunidade ao ônus da crise que assola a economia do Norte. Um salve à Fidel!

sábado, 13 de setembro de 2008

À sombra da Águia Calva

Depois de um longo período de latência, ocultada dentro fortaleza econômica americana, a bolha imobiliária inevitavelmente explodiu, e causou grandes prejuízos em todo o setor financeiro, as bolsas do mundo inteiro caíram vertiginosamente; além disso, gigantes bancos americanos, fontes de boa parte da base do crédito oferecido ao planeta tiveram fortes perdas, e 12 já declararam falência; a médio prazo isso causará uma relevante desaceleração na economia. Alguns insinuaram comparações com a crise de 1929, a maior que o século passado atravessou, pois, também nasceu no berço do capitalismo moderno, os EUA, e que com a intervenção ativa do governo, encerrou o chamado liberalismo clássico. A partir daí a nova doutrina, neoliberal, vigente até hoje, propõe a não ou a mínima participação do Estado, enquanto nação, na economia de mercado, literalmente o ainda: "laissez faire, laissez aller, laissez passer",  que significa "deixai fazer, deixai ir, deixai passar", o que dá as empresas grande autonomia; diante do colapso financeiro que os EUA enfrentam e que contamina o resto do mundo, o Estado americano teve então que contradizer esse viés, e intervir para evitar que os bancos que são as pernas do capitalismo fossem arrancadas, para salvar o sistema, além de barganhar a seguradora AIG, injetou quase 180 bilhões na economia visando acalmar o mercado diminuir a volatilidade e aumentar a liquidez (a confiança do investidor), e o FED ainda deve criar um fundo de cerca de 500 a 600 bilhões em busca de conter essa devastação sem precedentes.

Agora, se esses bancos estavam à beira da bancarrota, por que será que não houve um plano cautelar de ajuda do governo no intuito de evitar a quebra e a falência dessas instituições supra importantes. Será que deixar fluir esse clima de tensão e temor, e em seguida reerguer a economia gloriosamente com todo o poderio imperialista, não foi estratégia? Pode ser que não, mas historicamente eles vêm se autodenominando salvadores da Terra, detentores da liberdade, mas enfim, são coisas que só a teoria da conspiração no seu mais alto grau de ironia pode explicar.
Pensando a crise a nível de Brasil, por enquanto só algumas baixas na bolsa que somente seguiu a tendência global, embora tenha um certo equilíbrio no momento; nosso banco central vendeu algumas centenas de milhões de dólares objetivando segurar a subida do dólar e manter o cenário interno do país intacto contra os efeitos da depressão. Como a crise do crédito hipotecário nos Estados Unidos atinge diretamente os bancos, então por que os bancos brasileiros estão imunes? A resposta é bem fácil e 'velha', dá para responder por silogismo: quem mais lucra e tem maior rentabilidade com os elevados juros no país são os bancos privados, logo, não têm porque se aventurar comprando títulos de hipoteca estadudinense. Veja como a vida e essa frase são irônicas: Lula que tanto deu lucro os banqueiros e é criticado por isso, hoje tem o mérito do seu governo, que é a economia, 'salvo' pelos bancos privados.

sábado, 6 de setembro de 2008

Um olhar sobre o pré-sal


As recentes descobertas de gás natural e petróleo na camada de pré-sal, entre 5 e 7 km de profundidade, nos campos de Jubarte e Tupi, respectivamente nas bacias de Campos e Santos, em regiões ainda pouco estudadas e pouco exploradas, estão trazendo grande furor e expectativa tanto á população brasileira bem como ao mercado econômico interno e externo, mas para extrair os recursos é necessário constituir um modelo de exploração para determinar as diretrizes que deverá seguir, como também definir se a Petrobrás irá ser a única empresa a atuar na produção, e se o Estado será ativamente participativo no concurso. Outro fator é com relação às áreas já leiloadas para empresas privadas, que seriam exploradas arbitrariamente sem a regulação do governo. A formação de uma nova estatal para gerir o pré-sal, gerou polêmica já que deixaria em escanteio a manda-chuva Petrobrás, mas essa opção já foi descartada por Lula. A Petrobrás que por sinal está se revelando mais uma multinacional do que puramente uma estatal, com ativos em diversos países, a empresa também obtém lucros estupendos vendendo áreas de exploração para organismos privados. Para o presidente, o principal beneficiário tem de ser o povo brasileiro que segundo a constituição é o real detentor do petróleo sob a figura do Estado; os planos de Lula para com as reservas do pré-sal são ambiciosos e utópicos no sentido em que pretende acabar com a pobreza no país e ainda investir tudo o que o Brasil nunca investiu em educação. Toda essa pretensão esbarra na opinião bem fundamentada de alguns especialistas em economia que dizem ser inviável custear desenvolvimento e projeção social instantaneamente com os recursos provenientes do petróleo, e mais, uma adição tão grande de capital na economia poderia ser infinitamente mais nocivo ao câmbio, repelindo investimentos privados, geraria inflação e aumentaria de sobremaneira as importações, desfavorecendo o mercado interno, tudo isso tem sim uma relação de causa bem coerente, além disso, é fato que todos os países membros da OPEP são pobres, desiguais, centralizadores e com baixos índices sociais, assim como são as demais nações exportadoras, assim como é o Brasil, quando há 55 atrás Getúlio decretava que "o petróleo era 'nosso'".


Nesse entretempo de descobertas no pré-sal e previsões visionárias do futuro, nosso governo parece ter esquecido tudo o que se pôs a mesa de negociações com os biodieseis, não se ouve, se fala ou se lê mais nada sobre biocombustíveis; alguns que defendiam o louvável discurso ambiental que se fez em torno das energias limpas e renováveis, enfiaram a mão no óleo escurecido e seguraram a bandeira do pré-sal como forma de desenvolvimento a todo custo, sem cuidados ambientais. É uma grande responsabilidade determinar onde serão investidos os trilhões oriundos da comercialização da commodity, afinal, o que realmente se espera é que não sejam cometidos os mesmos erros de cinco décadas atrás, e que a tentação ambiciosa de um projeto de perpetuação no poder não sobre caia aos alquimistas que farão revolução com petróleo.


“A riqueza do petróleo produz dólares, mas não desenvolvimento instantâneo” Ricardo Hausmann- Professor-economista Harvard.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Insolubilidade

As casas legislativas brasileiras vêm sendo afetadas por um processo que tem como objetivo filtrar os elementos impuros que perduram na sua composição, esse dito processo tem uma espécie de metafunção, como se os assuntos na pauta das câmaras, assembléias e plenários fossem os próprios políticos e seus desvios de conduta e lapsos de decoro parlamentar, corrupção ativa, passiva, dentre outros vários tipos de putrefação; todos esses acasos que os políticos impuros produzem são observados, analisados nas CPIs, e ai é que está a questão, pois, as comissões parlamentares de inquérito roubam a cena, e tomam para si a atenção que poderia ser prestada a temas de maior necessidade e relevância. É sempre assim, e o saturante é que não gera resultado concreto, não causa dano algum na prepotência material e humana dos elementos, e nem um modelo de punibilidade aplicável á outros sujeitos da mesma casta, e, sobretudo, escapam da memória da sociedade como um gás ultra-volátil.
O grau de insolubilidade desses elementos varia positivamente no momento em que há a fusão entre eles, as substâncias-os partidos- compõem a parte agregadora que os torna quase imbatíveis; com o bônus do foro privilegiado e da impetuosa imunidade parlamentar muitos saem da sociedade civil como bandido e buscam a eleição para fugir dos processos ou levá-los ao superior tribunal, porque sabe que chegando lá terão um vasto período de tempo até o possível julgamento. Por falar nisso, a não divulgação e impugnação dos “ficha suja” foi mais um duro golpe na ‘beta’ democracia, os candidatos com sentença condenatória transitada em 1ª estância não terão seus nomes submetidos ao juízo de valor da sociedade, logo, teremos semicriminosos concorrendo a prefeito e vereador.
Também graças aos “poderes supremos” do poder público, que restringiu a ocasiões excepcionais, o uso de algemas é exclusivo para os casos em que haja reações ácidas dos detidos, uma medida que na frente das câmeras irá obter grande êxito. O glamoroso caso nepotismo fruto de CPI, e que obviamente foge dos nossos interesses reais, pois é o político quem contrata os parentes, entrou na pauta nacional novamente, quando o STF resolveu desenterrar a polêmica e vetar definitivamente a contratação de parentes até 3º grau nos três poderes; a brecha dessa vez está mais para uma fenda bem larga, a inobservância está no fato de que entre os elementos e substâncias impuras há uma resistente ligação covalente, eles operam mutuamente, um contrata o parente do outro, e assim a cadeia de corrupção pode prosseguir ininterruptamente. A reforma política descentralizadora, ampla e responsável seria a solução ideal para esse sistema, mas, a solução real surge no período das eleições que é quando há a mistura homogênea: político-povo, eles invadem a sociedade, e é ai que ocorre o assédio moral ao voto, e ao povo detentor desse instrumento seletivo cabe examinar o caráter do político e o seu próprio caráter e daí fazer a depuração correta.



domingo, 17 de agosto de 2008

Um país sem olimpíadas

Em visita à China, Lula declarou que espera o Brasil vencer o direito de sediar os jogos olímpicos de 2016. Trazer as olimpíadas para o Brasil seria uma forma de democratizar os jogos, e com esse discurso bem socialista recalcado, cingido de um dissimulado complexo de inferioridade que chega a ser mendicante, ainda afirmou que os "pobres" da América do Sul teriam a chance de assistir uma olimpíada. Os 40 bilhões que a China injetou nos jogos parece não intimidar o presidente, mas isso não surpreende, já que um governo que arrecada abundantemente, gasta muito para alavancar o PIB, e mal para "custear" a máquina pública, tem agora um pressuposto legítimo para manter essa situação de esterilidade que o Estado vive.
Diante dos enlaces econômicos, sociais, democráticos, e tonicamente políticos que vigoram no país, angariar um evento dessa magnitude só é concebível havendo uma reestruturação ou uma restauração de boa parte da infra-estrutura, com investimentos também nas áreas de atenção social, que poderia converter e conduzir ao melhoramento de algo ainda mais importante, a supra-estrutura. Se segundo teóricos das ciências sociais, simploriamente podemos conjecturar que supra-estrutura é todo o conhecimento que o homem pensa e cria, então, claro que isso gera o velho dilema social: investir em infra-estrutura para se ter ganho na supra-estrutura, ou o contrário?

Como disse Lula, a terra onde não há terrorismo; pelo menos não o terrorismo extremista-xenófobo, mas outras espécies de terror que muitas vezes são bem mais cruéis e desumanos. Diferente da China, aqui não temos toda aquela poluição, no Brasil os poluentes se concentram em Brasília, esses sim nocivos à saúde, à educação, ao meio ambiente, etc.. Guerra entre etnias é um problema que não temos por essas bandas; na pátria amada reina a discriminação mascarada, negros, índios, nordestinos e homossexuais têm um tratamento diferenciado na nossa sociedade.
Observando o perfil sócio-econômico e cultural do Brasil por um escopo mais otimista e nacionalista, nosso país tem grande diversidade biológica, uma vasta pluralidade cultural histórica, também ganha ênfase o Brasil como pólo turístico, muitas riquezas naturais, enfim, toda a beleza exótica de um país tropical que se destaca entre os demais.
Tudo muito bonito, mas o que se tem de verificar é quem sairá vitorioso dessa empreitada; primeiramente o que o advento de uma olimpíada no Brasil vai trazer de concreto, por exemplo, para um estado como o Acre, Roraima ou a Paraíba; o mais provável que ocorra é uma concentração ainda maior de riqueza no centro-sul do país. Outro fator seria a figura do atravessador político que teria o caminho aberto para obtenção de benefícios com o "festival" de licitações; claro, poderia ser esse também o momento propício para um clamor civil por transparência, mas em se tratando de Brasil onde tudo é feito na surdina, fica a interrogação. A maravilha de uma primeira olimpíada na América do Sul, no Brasil, não pode encobrir o fato de que se não gerida com responsabilidade e igualdade traria mais desigualdades e injustiças sociais.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Olimpíadas: o reflexo da economia mundial

As olimpíadas, maior evento esportivo histórico mundial, começará dia 8 em Pequim repleta de polêmicas, dentre as tais, as grandes células de poluição que afetam e incomodam a respiração dos atletas e a situação político-social no Tibete, ameaças de boicote, que com certeza serão tema de protestos durante os jogos, tirando à parte os desastres naturais que vêm ocorrendo no país. Os jogos desse ano também pode marcar o fim da soberania do Estados Unidos no quadro de medalhas, já que em Atenas os chineses ficaram apenas a três ouros dos americanos, e agora, depois de quatro anos de investimentos astronômicos em "massa desportiva" vêm com todo poderio para arrebatar o 1º lugar dos EUA. Se isso realmente vier a acontecer, somente consolidará uma tendência que segue em vários ramos estruturais da sociedade, um deles a economia; com o mercado internacional hospedando um membro de peso relevante, que vem se apossando de fatias de capital mundial que antes só os americanos saboreavam. O comércio chinês vem invadindo os países, inclusive os EUA, de forma substancial, intensa e sem trégua com os produtos pirateados, de baixa qualidade, sem respeitar patentes, praticando uma concorrência desleal e arbitrária sob o olhar de uma OMC (organização mundial do comércio) até certo ponto inerte.

Observando e analisando o quadro de medalhas das olimpíadas de Atenas, vemos que entre os 10 primeiros colocados no ranking todos são nações de 1º mundo, sete membros do denominado G8 também estão nessa tabela. Essas posições não deverão ser muito alteradas nos jogos de Pequim, pois, países emergentes esportiva e economicamente não deverão figurar nos primeiros postos, e o prognóstico para Londres 2012 parece não ser diferente. Enquanto isso, a Rodada de Doha trilha seu caminho de insucessos, sem o fim dos subsídios agrícolas dos países ricos, ferindo "legalmente" os princípios de concorrência livre e leal da OMC. Lula, o principal interpelador da causa "Doha", diz que mesmo com os fracassos do acordo, continuará na luta pela maior competitividade das nações pobres no comércio exterior. Como nas olimpíadas o cenário se repete no mercado econômico, os "ricos" lideram e dominam as competições, e ainda dão as fichas do jogo, cabendo aos emergentes ajustá-las de maneira que haja as menores percas possíveis. Simplistamente falando, poderíamos propor que a colocação de um país no quadro de medalhas dos jogos e diretamente proporcional ao poder e eficácia que seu sistema econômico exerce e o quanto isso e empreendido no esporte-educação, claro, com algumas exceções que fogem desse pressuposto.

Traçar esse paralelo entre esporte e economia nos faz atentar para a ligação intrínseca que há entre essas duas grandezas; um país forte financeiramente que invista em esporte-educação terá êxito em suas conquistas desportivas que também trará retorno para a sua conduta sócio-econômica. Ao passo que, os Estados Unidos se perdem na "guerra", esbanjam bilhões nos gastos públicos, tentam se esquivar da crise imobiliária, a China faz sua parte, embora que se utilizando de meios duvidosos, cresce em um ritmo eufórico de mais de 10% ao ano, criando um verdadeiro "dragão oriental" a ponto de tragar a Águia Calva do ocidente.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Liberdade de expressão comercial: analysis



Depois de 30 anos, realizou-se, em São Paulo, o IV Congresso Brasileiro de Publicidade, reunindo cerca de 1.500 profissionais da mídia, das agências de publicidade e de prestadores de serviços de marketing. No texto de encerração proclamado no fim do evento, uma frase ganhou grande ênfase e destaque, causando uma discussão de importância sobrejacente ao tema "liberdade de expressão" no círculo mercadológico; foi a seguinte frase: "Repúdio a todas as iniciativas de censura à liberdade de expressão comercial, inclusive as bem intencionadas". A inserção da palavra "comercial" junto à "liberdade de expressão" distorce a semântica primitiva dessa expressão, que nesse caso torna-se uma prerrogativa em favor da intransigente auto-regulamentação da lei da publicidade brasileira e do entrave que há na constituição, que vela pelo combate e vigilância perpétua à propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos de uso restrito. É verdade que os anúncios publicitários ajudam a movimentar cerca de 57 bilhões ao ano no Brasil, mas que sob o manto ideológico do "não à censura" e da "livre iniciativa é a base da democracia", almeja quebrar esse obstáculo constitucional e conquistar esses ramos do mercado que são enforcados pela legislação.

Os argumentos da indústria publicitária, que por interesses, toma parte em favor do direito da livre expressão, como sendo os templários da liberdade de imprensa, pode ser legalmente questionados, logo que não é um direito absoluto, isso porque quando está em jogo outros tipos de direitos universais como o direito à vida, à saúde, à segurança, à dignidade humana, esses se sobrepõem potencialmente; propagandas que estimulam o consumo de cigarro, bebida e outros malefícios, sempre expõem o consumidor à riscos latentes de vida, saúde, segurança, etc.. Buscando outro viés; o que não pode ocorrer, e está ocorrendo, é a tutelação do consumidor, o Estado interferindo implicitamente, e retirando das pessoas do poder de decisão, acabando com a consciência e juízo de valor que a sociedade (massa consumidora) é capaz de formar, e, portanto tirando-as a capacidade de fazer escolhas, fazendo disso um preconceito, quase que dizendo que o povo não sabe escolher.
Mas, as tentativas da classe publicitária de transpor e exacerbar os limites das normas regulatórias podem ir por água abaixo, quando esbarrar em um novo cenário sócio-econômico-educacional brasileiro, que já começa a consolidar um perfil de consumidor mais exigente e mais bem informado, essa nova legião, que está a par das próprias necessidades e se preocupa com a saúde tende a se expandir cada vez mais, desfazendo até mesmo fronteiras regionais de preconceito. Fica claro, que quem deve definir até onde a publicidade pode agir, e o quanto ela poderá afetar a vida pública, é a própria sociedade civil de forma ativa e efetivamente dentro dos valores democráticos; aos publicitários e anunciantes cabe apenas fazer o seu papel seguindo uma ética e moral que os compete.

terça-feira, 15 de julho de 2008

A favorita

O processo de renovação e introdução da tecnologia digital (HD) irá trazer mudanças interessantes com relação ao modo tradicional de assistir TV, a interatividade será bem mais efetiva, a qualidade da imagem muito superior à atual, a implantação ainda está em gênese e só atinge alguns estados do Sudeste; mas antes que essa empreitada se estenda e se consolide a todo o nosso território, é atraente e curioso observar o panorama da mídia televisiva brasileira, entre os principais canais sempre houve aquela dose saudável de rivalidade e corporativismo comum em quaisquer empresas que competem e concorrem no mesmo ramo, porém de tempos pra cá a disputa tornou-se cada vez mais acirrada; Globo e Record estão no front do embate. Com a supremacia e o rótulo de emissora número um do Brasil ameaçados, a Rede Globo persiste na mesma linha de produção artística, não inova, e está perdendo fatias de Ibope e de lucros para a próspera, porém instável, Record, a qual investe pesadamente em um atrativo peculiar da cultura televisiva do brasileiro, a telenovela. As novelas da Record chamam a atenção pela quantidade de atores "ex-globais" e também uma maioria que estava no ostracismo, esquecidos pela rival carioca; outra marca das produções da emissora paulista é a mescla do melodrama com ficção científica que é eficaz na audiência da massa, mas que é ínfima se comparada com as superproduções da concorrente. Diante disso, vários episódios tidos como espionagem foram delatados pela Globo, no último, há dias atrás, um funcionário foi surpreendido usando seu e-mail corporativo para divulgar informações sigilosas à Record; a Globo emitiu um comunicado alertando a Record que a iria incriminar legalmente, sob o pressuposto de concorrência desleal, a Record por sua vez respondeu citricamente, alegando que a notificação da Globo não foi nada mais que um "recibo oficial" sobre a sua preocupação com o crescimento da Record. É certo que a emissora da Igreja Universal vem crescendo bastante, e às vezes obtém o primeiro lugar na audiência, mesmo que seja só por alguns minutos, mas é muito pouco provável alguma outra rede de TV, consiga a curto ou até médio prazo, abalar o 'imperialismo prepotente' do Projac sobre o Brasil. Assim, o slogan "A caminho da liderança" perde, aos poucos, o sabor de provocação megalomaníaca.
Correndo por fora dessa briga, o "ex" segundo lugar SBT, com uma grade de programação bastante confusa, incoerente (a meu ver), e instável, baseada em filmes 'obsoletos', reprises e no sacrificado "Chaves", que sempre tira uma 'lasquinha' de audiência; embora esse visível declínio e enfraquecimento já venha se arrastando há algum tempo, a emissora de Silvio Santos tem um público fiel muito extenso, isso por conta de alguns apresentadores consagrados, como o próprio Silvio Santos, Hebe e Gugu, nomes que salvam a desgastada imagem da emissora no cenário nacional. Mesmo com pouco incentivo à corrente jornalística, o SBT ainda é um dos maiorais da TV brasileira. Numa investida processual contra a Rede Globo, o canal do senor Abravanel recebeu a importância de R$ 17.888.306,99 referente ao não cumprimento do contrato celebrado entre o autor Walter Negrão, da Rede Globo. No mesmo ensejo e pelo mesmo motivo só que dessa vez com a autora Glória Perez, recolheu a bagatela de R$ 24.477.115,69, um verdadeiro 'show do milhão' que vai rechear os cofres da empresa.
Mesmo com a concorrência aumentando no retrovisor, mesmo com desfalques financeiros, espionagem, e tudo mais, a Rede Globo mantém o alto padrão, e detém o poderio manipulador sobre o país; mas até quando irá sustentar esse posto, essa é a pergunta que a Record, o SBT, a Band e os outros canais devem fazer diariamente se um dia quiserem está lá.

sábado, 5 de julho de 2008

O preconceito à homofobia em xeque



Em um momento mais do que oportuno o projeto de lei (PLC 122/06), que criminaliza a homofobia entrou na pauta de votação do câmara no senado, e em análise pela vida pública brasileira; o instante e propício, pois a discussão sobre homossexuais ocupar cargos públicos tornou-se efervescente depois que dois militares assumiram abertamente a sua afinidade homossexual, o que bateu defronte com todos os paradigmas, valores e doutrinas da rígida e monolítica formação militar; a atitude foi asperamente reprimida; com prisão, sob a acusação de deserção e de transgressão a normas militares; normas as quais não abordam em ponto algum a questão homossexual. Entre detenções e liberações, ambos decidiram dar baixa no serviço e foram dispensados das funções. Esse tipo de atitude, por parte do comando militar, mostra claramente o arcaísmo na gestão de certos segmentos e instituições que se dizem democráticas e republicanas, ainda se vê a discriminação e a falta de políticas públicas para com as minorias. Outra questão, é a do jogador de futebol do São Paulo, Richarlyson, esse, nunca admitiu publicamente seu direcionamento sexual, nem sequer fala sobre o assunto, mas volta e meia, em sites da internet surgem fotos e vídeos instigando e fazendo apologia de maneira "bem-humorada" ao preconceito. Sem falar dos torcedores de clubes adversários, que fazem coro para difamar o atleta. Em Jerusalém, a parada gay reuniu milhares de pessoas, que desfilaram pelas ruas do centro da cidade, sob o olhar e protesto da maioria, judeus ultra-ortodoxos, que se opõem, repudiam e abominam o evento e a identidade de gênero dos que o fazem; parece que esqueceram, ou então não querem lembrar do holocausto.


A religião, tema delicado, que merece uma apreciação mais íntima para conhecermos seus motivos, entra nesse debate pela absoluta predisposição contrária, de praticamente todas as igrejas, ao homossexualismo; esse posicionamento é transposto à sociedade pela pregação de maneira arrebatadora e unilateral, sem muitas ponderações. O projeto que criminaliza a homofobia, vem causando grande alarde, gerando polêmica e dividindo opiniões na sociedade brasileira; os evangélicos, cumprindo o seu "papel religioso" tentaram invadir o congresso, em protesto contra a aprovação do projeto, os cerca de mil fizeram uma manifestação em frente à sede do legislativo para evitar a votação do projeto, anseiam o "direito" de criticar o homossexualismo, sem punições legais. O projeto tem uma "boa aparência", mas traz uma prerrogativa de 'autonomia' aos homossexuais, que ganhariam vantagens exclusivas, que outras minorias (índios, negros, idosos) não se beneficiariam. Pelo projeto, se você não der emprego a um homossexual, você estará agindo de forma discriminatória e poderá ser preso. Se o demitir sem justa causa, também poderá ser preso. Se não alugar uma casa a um homossexual, idem. A medida é boa, mas o que falta mesmo é educar e conscientizar as pessoas para que não haja discriminação; além do mais, caso aprovada, a lei irá criar uma "casta diferenciada", o que é inconstitucional. Logo, a lei prevê que discriminar é crime, porque não precisa mais do que isso.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

11.705: Lei seca, parâmetros

Trinta e cinco mil, esse é o número de vítimas fatais do trânsito brasileiro, metade desse número causadas pela nefasta relação álcool-direção, esse é um problema que já vem de longa data e nunca havia sido tomada nenhuma medida veemente, apenas paliativos que quase sempre "não pegam" e lamentavelmente tornam-se somente mais um motivo de propina.
A lei 11.705, a chamada "nova lei seca", prevê que o motorista flagrado com 6 decigramas de álcool por litro de sangue, equivalente a uma simples lata de cerveja, estará sujeito a pena de seis meses a três anos de prisão, com direito a fiança; com o governo visa diminuir a quantidade de acidentes automobilísticos nas vias federais e estaduais. Apesar de vir em um momento mais que apropriado, essa lei gerou polêmica e levantou alguns questionamentos, seja por algumas incongruências que realmente apresenta, seja pela sua rigidez e vigorosidade, ou pela pertinente subjetividade circunstancial que pode haver na aplicação coerente da lei em si.

As principais linhas contraditórias caem em cima da possante dureza e implacabilidade com a qual a lei age sobre condutor, não observando variáveis discriminantes, como por exemplo: bombom de licor, ou até mesmo anti-séptico bucal que contenha álcool, que deixam o hálito etilizado; expondo ao risco de prisão motoristas que sem culpabilidade forem aferidos de forma abusiva. Como já está pragmatizado na nossa vivência, as fomosas "brechas" não são exceção à lei seca; como toda e boa lei brasileira o abrandamento vem sempre escondida na sombra, na dita em questão, a abertura é visível na interpretação do delegado, que pode "relativizar", logo que fica a seu cargo decidir se indicia o infrator administrativamente, pela lei de trânsito, ou criminalmente, pelo código penal, deixando ai espaço para ação da indústria da propina. Um importante aspecto que essa lei "esqueceu" de abordar e reparar, é o fator fiança; no último fim de semana, um homem atropelou três pessoas e matou uma delas, mas foi liberado após o pagamento de fiança no interior de São Paulo, está certo que ele irá responder ao processo, mas é um absurdo, pois ele deveria aguardar julgamento detido, lamentável. O que faz essa lei tão enérgica ser de determinante importância, é a discussão pública sadia que ela causa, ver que a lei está funcionando, causando furor, as pessoas começam a refletir, e é ai que esbarram de frente com a própria hipocrisia e admitem que a lei é necessária.

domingo, 22 de junho de 2008

Tudo o que há embaixo do tapete

Ultimamente no Brasil a política vem sendo taxada negativamente pela população, principalmente devido a grande vinculação através da mídia de escândalos envolvendo figuras políticas, muitas vezes bem conhecidas. A imprensa teve a chance de redimir essa imagem estereotipada, e até mesmo evitar tais escândalos, depois do alarde feito pelo presidente do TSE(Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Brito, de que o tribunal iria divulgar na internet uma lista com os nomes do candidatos com condenações ou que responda processo na justiça, ou seja, a ficha criminal dos postulantes; só a imprensa tem as condições técnicas de fazer uma monitoração eficaz, estado por estado, município por município, e propagar essas informações de forma contundente às pessoas, mas como é de praxe da mídia, assuntos republicanos são deixados em segundo, terceiro, quarto ou quinto plano, a quanto tempo não se vê ou escuta a palavra democracia na televisão, há um desprestígio desse termo diretamente proporcional a obscuridade do termo política. Observar esse tipo de posicionamento por parte dos meios de comunicação, é ratificar a "hipótese" de que, sim, há um atrelamento de setores midiáticos com a esfera política.



Para as eleições deste ano o TSE, e os TREs(Tribunal Regional Eleitoral) de todos os estados se reuniram para discutir o tema dos políticos "sujos" judicialmente, desse encontro firmou-se a Carta do Rio, dentre os outros pontos, merece realce o que trata da elegibilidade ou não de candidatos com processos judiciais pendentes ou com antecedentes; o resultado da carta foi um cisma, o órgão supremo, o TSE, de onde deveria vir as decisões mais vigorosas e mais conscientes, deliberaram contrariamente ao consenso da maioria dos TREs, que era o de se fazer uma análise rigorosa da vida pregressa dos candidatos, e dependendo do caso impugnar a candidatura. Por outro lado, numa coisa eles foram unânimes e complacentes: não irão mais divulgar a lista com os candidatos que estão com a ficha criminal maculada; e é ai que toda a tentativa de moralizar o meio político brasileiro vai por água abaixo; esconder, encobrir, ocultar a podridão da vista pública é corroborar com a antidemocracia. Não é questão de jogar todos os políticos ímprobos numa vala comum, mas sim determinar quem é quem, para que os cidadãos, que por sinal têm fama de péssimos eleitores, possam julgar qual indivíduo tem a postura moral e ética para assumir um cargo representativo de tamanha importância.
"O desprestígio da política é sinônimo de desprestígio da democracia" Wadih Damous-Presidente da (OAB-RJ)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Triunvirato: quem manda e desmanda no Rio de Janeiro?

Que no estado do Rio de Janeiro há um poder paralelo isso ninguém pode negar; o primeiro, o Estado de direito que na teoria tem a obrigação e o dever legal de desarticular e suprimir os poderes concorrentes, ano após ano confronta, mata, morre, contrata novos policiais, mas não combate a principal moléstia, que é a corrupção em vários ramos institucionais da corporação policial, exemplo recente é o caso do ex-secretário de segurança Álvaro Lins.


O segundo poder, informal, se restringe principalmente às áreas de pobreza concentrada, onde o tráfico e os traficantes de drogas, respectivamente, alimentam e administram as favelas a seu rigor; impondo o poder pelo terror e medo, os traficantes vivem bem em quase todos os sentidos, são respeitados e em troca dão segurança à comunidade, um autêntico mutualismo. Com arsenal bélico invejado até pelo exército, constroem verdadeiras fortalezas morro acima, barreiras intransponíveis para a 'polícia' mal armada e mal paga.

Essa configuração social, institucional e política que se criou e se estabeleceu durante todos esses anos no Rio, fez surgir de uns tempos uns tempos para cá uma nova linha paralelística opositora as duas citadas anteriormente: as milícias são "a nova onda" no Rio de Janeiro; os policiais corruptos se organizam e passam a cobrar pela segurança do moradores, além de formar grupos de extermínio eles se atêm a várias atividades ilegais, exemplo notável e recente foi a tortura praticada contra jornalistas do jornal "O DIA", somente depois desse caso é que foi aceita a CPI das milícias que vai investigar o crime organizado no estado. É certo que hoje em dia não há fronteiras para o crime, mas no Rio essa situação atingiu o ápice negativo; três formas de poder estão vigentes no estado; ao povo, sem alternativas, só resta calar-se, proteger-se e tentar sobreviver normalmente em meio a esse sistema caótico que habitam.
"Milícia não vai intimidar a polícia" José Mariano Beltrame-Secretário de segurança do RJ

sábado, 31 de maio de 2008

À soberania da Amazônia

De lá o The New York Times indagou: de quem realmente é a Amazônia? De cá Lula respondeu: do povo brasileiro. Mas será que o presidente tem razão?
Em meio à troca de ministros do meio ambiente Marina Silva por Carlos Minc, o jornal americano levantou a questão, sobre quem de fato deveria ter o domínio da floresta amazônica, defendia também a internacionalização da mesma.
A operação Arco de Fogo, da Polícia Federal, iria coibir os desmatamentos ilegais, ou seja, os reais donos da mata: os madeireiros, barões da soja e criadores de gado, já que o IBAMA sozinho não tem pessoal e força jurídica pujante para conter estes que são a principal causa da destruição ambiental na região; mas a operação foi sutilmente reprimida em alguns estados, onde governadores cúmplices da desordem, interviram e pressionaram politicamente.
O novo ministro, Carlos Minc, liberal progressista, não pelo partido, mas sim por suas ações, parece que vai superar a estagnação da política ambiental usando a tática do "um morde o outro assopra"; o ministro disse que vai "agilizar" as concessões ambientais, em troca, já anunciou a liberação de 1 bilhão para recuperar áreas degradadas da floresta. O discurso do (PAS) Plano Amazônia sustentável, que busca um crescimento equilibrado na região, está sendo confundido com o (PAC) que visa o progresso infra-estrutural sem grandes preocupações ambientais.
Os índios também fazem parte do bioma Amazônia, e estão sujeitos ao descaso e esquecimento político-social, o que os torna alvo fácil para ação de interesses econômicos, a reserva indígena Raposa Serra do Sol é um exemplo, desse tipo de prática. Segundo políticos nortistas, ONGs que atuam na Amazônia sob o manto da defesa ambiental, defendem interesses estrangeiros nas riquezas minerais do lugar. Infiltradas nas comunidades, essas organizações financiam entidades em Roraima que defendem as reservas indígenas contínuas na Amazônia para não permitir o maior controle brasileiro sobre essas áreas. A operação Upatakon 3, da PF, visava retirar toda a população não-indígena de dentro da reserva, mas foi suprimida por ação do governo de Roraíma. Somado a isso as declarações do general Augusto Heleno, de que a política indigenista é caótica e ameaça a soberania do país, não foram bem recebidas pelo governo Lula, que o repreendeu e reprovou sua atitude. Voltemos à pergunta do início; Lula pode até ter razão em dizer que a Amazônia é dos brasileiros; mas, de que brasileiros, o presidente é um desses brasileiros, então por que ele não age pessoal e afetivamente em defesa desse patrimônio que antes de ser um objeto de disputa, e uma área de uma imensa biodiversidade e com grande importância científica, biológica, ecológica, climática e geográfica para todo o planeta.
"A Amazônia não pertence somente aos brasileiros, e sim ao mundo" Al Gore- Ex-presidente americano e vencedor do prêmio Nobel da Paz.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Acordo ortográfico: contraponto

O acordo que uniformiza a ortografia dos oito países de língua portuguesa(Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) nem entrou em vigor ainda, mas desde já causa polêmica em algumas frentes da sociedade, tanto brasileira como portucalense; as outras nações de menor expressão envolvidas, não entram ativamente no mérito da questão, primeiramente porque seria inútil, eles não têm peso político, segundo, porque diferente dos seus primos lusófonos "ricos", há coisas mais ponderáveis a tratar. As resistências maiores são em Portugal, pois o tratado modifica 1,6% do seu vocabulário, e apenas 0,45% do brasileiro; eles reclamam que haverá uma "abrasileiramento" da língua, até mesmo porque palavras com consoantes mudas (ex.: projecto, óptimo) que são comuns e estão na raiz histórica do país, irão desaparecer.
No Brasil, a TV Globo apresentou uma reportagem no jornal nacional sobre esse assunto, só que transmitindo a informação a partir de uma visão maniqueísta e positivista, típica e 'natural' dessa emissora. Mostrou-se somente os poucos pontos positivos do tratado, deixando de fora do saber público "menos instruído", várias questões. Por exemplo, os custos social e financeiro, os gastos com a mudança, milhões de livros obsoletos irão para o lixo ou serão queimados, uma fortuna será gasta para repor o acervo de bibliotecas, escolas e outros.

Outro fator, e esse um fator político-capitalista, é que as grandes editoras de Portugal e principalmente do Brasil, já visam esse mercado africano, não que esses países tenham um grande contingente de leitores, mas governos costumem comprar muitos livros didáticos, um exemplo crasso desse tipo de prática é o nosso país, embora a compra seja interna e o livro não chegue sempre nas mãos do seu destinatário. O interessante é que já havia uma concordância ortográfica entre Portugal os países africanos de língua portuguesa e o Timor Leste, esse acordo só era quebrado pelo Brasil; talvez fosse esse o momento de consolidar um idioma próprio e único, como símbolo e patrimônio do nosso país, tal qual Policarpo Quaresma. Ainda sobre as desvantagens do acordo filólogos e gramáticos divergem sobre a real importância da unificação; uns dizem que é imperfeita e parcial, outros falam que há um necessidade de difusão internacional do Português, para isso é indispensável a padronização.
A verdade é que essa reforma trará mais contras do que prós; com a supressão do trema (¨), palavras como eqüino (cavalo) e equino(ouriço-do-mar), ficaram sem distinção, o acento diferencial também sumirá, vocábulos como pára (verbo) e para(preposição), ficarão isográficas, dificultando a interpretação, embaraçando a compreensão. Sai perdendo o usuário da língua e o leitor da grafia.
Imbróglios lingüísticos ou linguísticos a parte, o fato é que a língua é o principal instrumento da comunicação humana, constrói suas relações, sendo o elemento mor daquilo que é tido como nação.
"A língua é aquilo que abre nossa mente, é aquilo que nos possibilita compreender o mundo, portanto a língua é aquilo que nos faz mais humanos" José Luiz Fiorin-professor de Lingüística da USP.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Terra em transe: teoria do caos, e o homem por trás da destruição

Os desastres "naturais" atingem difusamente o mundo(alguns lugares são mais propícios, é certo), muitas vezes sem prévio aviso, diminuindo a possibilidade de evitação de vítimas; historicamente esses eventos são relativamente raros e se dão de maneira avulsa, de tempos em tempos, mas, do começo do século passado para os dias atuais, fenômenos assim estão se tornando algo corriqueiro, afentando com mais voracidade e frequência, de modo bem mais homogêneo, regiões da Terra que antes não eram atingidas. O ciclone Nargis se formou no Oceano Índico, resultado do choque entre ventos frios e o vapor que surge do mar aquecido, em seis dias, chegou enfurecido ao continente asiático, foram ventos de mais de 200 km/h; pelos números oficiais, já são 78 mil mortos, 2,5 milhões de desabrigados. O pior disso tudo, foi ver o governo militar de Mianmar não aceitar a ajuda internacional sob o falsificado e nada ético discurso de: perder a soberania e a independência, e sofrer influência da cultura ocidental. Uma lástima.
A China não é um país assim tão acostumado a terremotos, o último que causou destruição tinha sido há 32 anos; mas o do dia 12 de maio desse ano, foi aterrador, mais de 72 mil mortos, lá o governo aceitou humildemente o auxílio externo. Terremoto não tem nada a ver com poluição e nem com degradação ambiental, e óbvio, e, sem querer defender e até transcender a hipótese de Gaia, mas, a China é o país que mais poluí e deteriora o meio ambiente em troca de desenvolvimento e riqueza imediatas, se os fins justificam os meios, a natureza reage para reequilibrar, e reagiu, mesmo que asperamente.
No Chile, o exemplo cabal, um vulcão adormecido a mais de 7 mil anos, o Chaitén cobriu extensas aréas da Argentina e do próprio Chile de cinzas, com direito a chuvas de cinza vulcânica em alguns locais. O céu e a terra se uniram por uma coluna de cinzas e monstruosas descargas elétricas, decorrentes da intensa atividade vulcânica.
A interferência efetiva e negativa do homem, alterando, dastricamente o ciclo natural das inter-relações entre as várias esferas terrestre em um sistema tão complexo como é a natureza, o torna a principal referência de causa para o visível desequilíbrio que há no planeta; a teoria do caos por exemplo, demonstra que o ser humano é o agente responsável por essa distorção da natureza como um todo.
“Temos que parar de poluir o quanto antes para não chegar a um ponto em que não existirá retorno" Norman Miller-pesquisador universidade Berkeley

sábado, 10 de maio de 2008

Biocombustíveis e alimentos. Será que Malthus tinha razão?

O biodiesel e o etanol, combustíveis derivados de fontes renováveis, foram desenvolvidos com objetivo de reduzir os níveis de poluição e os custos da utilização do petróleo. Porém, após a eclosão da crise e o aumento na produção de alimentos no mundo, o projeto dos biocombustíveis vêm sendo questionado, especialistas estrangeiros, e leigos opositores do governo, afirmam que o biocombustível está tomando o lugar da produção de alimentos. Na verdade estão usando esse argumento, para fazer dessa bioenergia um bode expiatório para explicar o súbito aumento do preço dos alimentos, especialmente dos grãos. Nos EUA, Bush pediu ao congresso 770 milhões para atenuar a crise; com certeza uma manobra melindrosa para conter o preço do petróleo, por trás de um ponderável investimento em agricultura a curto prazo. O Brasil poderia sair como grande vitorioso desse estado de tensão que o mercado alimentício atravessa; a grande extensão de terras agricultáveis, a maioria sem risco de comprometer o meio ambiente, clima ideal, e grandes redes hidrográficas, essas condições aliadas à um investimento maciço do estado em infra-estrutura (estradas, portos, logística em geral), chegaríamos a dobrar o atual patamar de produção; nosso país poderia se tornar o "celeiro do mundo".
O alarmante "boom" populacional na China, na Índia e em outros países da Ásia; uma relativa diminuição da pobreza desses países, juntamente com o Brasil e a América Latina, o aumento do consumo, ou seja, uma mudança do perfil econômico dos países em desenvolvimento; e como Lula diz: 'mais pobres comendo', o mundo se vê em meio a um suntuoso aumento na demanda de grãos, correndo o risco de uma suposta escassez. Isso nos remete inevitavelmente a lembrar da carcomida e inaceitada: Teoria populacional malthusiana(1978), segundo ela, a melhoria das condições de vida em geral, provocaria um crescimento acelerado da população, de tal maneira que comprometeria os recursos alimentícios, gerando uma fome heterogeneizada no planeta. Essa tese, explicitada genericamente aqui, caiu por terra há muito tempo no meio científico, mas analisando o contexto mundial atual dá para se fazer uma alusão, e até reerguer e reformular essa teoria em acordo com o momento histórico atual.