domingo, 4 de outubro de 2009

Olimpíadas bolivarianas


Aquele bigodão e o chapéu de fazendeiro latifundiário não enganam, o populismo já chegou a Honduras, a influência chavista surte resultados visíveis em toda América Latina. No caso Zelaya podemos aferir que a suposta democracia criada por Chavez, essa que almeja o poder absoluto e definitivo, sem liberdade de imprensa e aniquila os ideais de qualquer movimento de oposição, se expande perigosamente pela America Central, até porque o próprio Daniel Ortega, populista, presidente da Nicarágua foi quem ajudou o presidente deposto.
Na história do avião em que Zelaya chegou a Honduras, Chavez armou um belo esquema para mais uma vez interferir na política interna de um país alheio. O avião venezuelano, sem dúvida alguma foi enviado com aval de Hugo e com um belo presente surpresa para Lula. Um mais sarcástico se ariscaria a dizer que o choro de Lula no COI, foram as lágrimas do desabafo por ter sido apunhalado pelas costas no caso Zelaya. Lula esse sustentando sempre a figura do sujeito do “deixa disso”, “pega leve”, o interventor, sempre o elemento de dissuasão dos pequenos conflitos políticos na América do Sul, inclusive tendo papel pacificador na relação Chavez-EUA.
Lula e sua benevolência foram usadas por Chavez como artifício para legitimar a permanência de Zelaya na embaixada brasileira, pois nosso presidente sempre foi hábil com os populistas bolivarianos da nossa América, e nunca iria dizer um ‘não’ à democracia que batia a sua porta, logo porque Zelaya é considerado um presidente democrata, mesmo que, assim como o companheiro venezuelano, quisesse a eleição eterna e o poder pleno. Assim, Lula que sempre fez corpo mole está dessa vez está no olho do furacão, tendo de se posicionar, sair de cima do muro que divide a democracia clássica que ele diz praticar no Brasil, e a democracia bolivariana do “companheirito” Chavez.
Chavez nos fez descer ao limiar equivalente ao seu, foi realmente um belo golpe. Isso nos faz refletir sobre quem nessa história e o verdadeiro golpista. Será Micheletti presidente de facto, Lula o chamou de golpista, mas e Zelaya, ele queria dar um golpe constitucional; a suprema corte, os militares e até mesmo a igreja desejavam seu afastamento do poder, entretanto foi eleito pelo povo, que o adora, logo não devia ter sido deposto, nisso há legitimidade. No meio da discussão estamos nós com a embaixada virada em uma zona e um palanque político. Chavez ligou para Lula felicitando-o pela escolha do Rio como seda das Olimpíadas 2016, os dois continuam amigos, inseparáveis.

Um país com Olimpíadas


O dia 2 de outubro foi lindo, finalmente as Olimpíadas de 2016 serão no Brasil, no Rio de Janeiro. Depois de uma semana super tensa, devido às complicações externas com Honduras, Lula massageou seu ego com a vitória da candidatura olímpica. O mundo deu uma chance de ouro para o Brasil alçar ao primeiro mundo, ainda que seja sob a máscara do desenvolvimento social assistencialista. No entanto, o que conforta a alma é o fato de que parte dos recursos da iniciativa privada será investido em infraestrutura. A cidade do Rio de Janeiro, carro-chefe do desenvolvimento terá oportunidade de reerguer-se diante do mundo; mas pensando bem, quem aposta se diminuirá as favelas e abaterá o tráfico, particularmente digo que não há chances disso ocorrer efetivamente. Pois, os bilhões e bônus dos jogos chegarão os inúmeros e problemáticos morros? Não mesmo.

O Brasil tem de seguir o exemplo de Barcelona que se preparou para o evento, mudando a cidade antes e se estruturando para depois. A cidade melhorou, enriqueceu.

Mas o presidente tem razão quando afirma que o Brasil conseguiu definitivamente sua cidadania internacional, e realmente, se olharmos 10 anos atrás só éramos o país do futebol, e o quinto maior território do mundo, posições essas que talvez sempre ocuparemos; e não tínhamos a menor chance se sediarmos uma olimpíada, nem em São Paulo, tampouco em Brasília, cidade que concorreu. Também Lula afirma que o Brasil era o único país que realmente queria os jogos, pois bem isso e vero, nosso país angariava isso para aparecer ao mundo, ‘dizer eu cheguei, agora e minha vez’.

A problemática com relação aos jogos olímpicos que hão de ser no nosso país são diversos, como foi publicado há um ano nesta página de bobagens, mais precisamente nesse link: “Um país sem Olimpíadas”.

Rememoro aqui fatos, primeiramente o que o advento de uma olimpíada no Brasil vai trazer de concreto, por exemplo, para um estado como o Acre, Roraima ou a Paraíba; o mais provável que ocorra é uma concentração ainda maior de riqueza no centro-sul do país. Outro fator seria a figura do atravessador político que teria o caminho aberto para obtenção de benefícios com o "festival" de licitações. Mas claro, poderia ser esse também o momento propício para um clamor civil por transparência, mas em se tratando de Brasil onde tudo é feito na surdina, fica a interrogação. A maravilha de uma primeira olimpíada na América do Sul, no Brasil, não pode encobrir o fato de que se não gerida com responsabilidade e igualdade traria mais desigualdades e injustiças sociais. Torçamos pelo nosso país mesmo assim.