domingo, 20 de setembro de 2009

Quem caça, quer caça

O trocadilho infame do título desse artigo não foi posto por mero acaso poético, ele assim foi escrito para se coadunar com o ‘ridículo fiasco’ que está se promovendo com a compra dos jatos- caças, submarinos e helicópteros para modernizar o arsenal das forças armadas, como também desenvolver a área tecnológica de armamentos no Brasil. Os submarinos custariam 19 bi, os helicópteros 5,1 bi e os Jatos 28 bi - 52 bilhões no total, o equivalente a 1,8% do PIB, ou seja, uma bagatela considerável. Três empresas estão no páreo das vendas: uma francesa, uma sueca, e outra norte americana, que fizeram propostas diversas ao governo brasileiro, mas pelo visto, neste caso, quem levará não será quem apresentar a melhor oferta.

O problema se excedeu quando Lula proclamou abertamente que optaria pelos caças Rafale, da empresa francesa Dassault, sendo logo em seguida contrariado pelo ministro da Defesa Nelson Jobim, que disse ainda estar aberto o período para o envio de propostas e pronto para negociar com as outras empresas. No caso dos EUA, o próprio Obama telefonou para Lula para tratar do pacote tecnológico que o congresso americano permitiu transferir para o Brasil, caso a compra seja consolidada em favor dos caças Super Hornet da empresa americana Boeing. O que com certeza Obama fez questão de não tratar foi da política agrícola protecionista americana, assim como o bloqueio com relação à entrada do Etanol brasileiro nos EUA.

O que ficou clarividente foi o papel do Estado na figura dos seus líderes estadistas, interferindo direta e efetivamente no mercado privado como agenciador nas transações internacionais que envolvem setores estratégicos do poder de uma nação, nesse caso, a tecnologia de ponta. E essa prática foi sintetizada na frase do presidente da empresa Dassault, em que ele diz: "Foi Sarkozy que vendeu o Rafale"

A verdade é que Lula parece não querer barganhar sobre o produto da compra, aparenta já estar decidido, para ele pouco importa quem oferta com o melhor custo beneficio. Nota-se isso que a decisão estava prescrita quando ficou acordado que Sarkozy viria para as comemorações do 7 de Setembro no Brasil, esse fato, politicamente, não demonstra ter nenhuma conexão com o “Ano da França no Brasil”, mas sim é um protocolo estritamente político.

O governo brasileiro fez piada da proposta da sueca SAAB, que ofereceu o caça Gripen por um preço que é metade do valor de mercado; o ministro Nelson Jobim disparou: "É venda casada? Compra uma garrafa de cerveja e ganha quatro de guaraná?"

O presidente do Brasil deveria ter negociado com o presidente francês a compra das aeronaves, mas com parceria de troca mútua, pois ele, Lula, sem dúvidas não se lembrou da PAC, a Política Agrícola Comum da União Européia, cuja França é a principal barreira, defensora das altas tarifas, e categoricamente contra a entrada produtos brasileiros no mercado europeu. O que o presidente quer mesmo é maior apoio dos franceses no conselho de segurança da ONU, uma vez que a França já apóia o Brasil o que faltaria agora era um maior lobby de Sarkozy. A vaga de membro permanente no conselho da ONU é um anseio de Lula desde a primeira vez que ele pisou no palácio do planalto; o envio das tropas brasileiras para o Haiti deixa isso óbvio. A falha diplomática do Brasil foi quando Lula abriu, precipitadamente, a boca para reverberar apoio a compra dos caças franceses, deixando meio que balançadas as relações com EUA e Suécia, países com estreitos contatos econômicos com nosso país. Comprar esses jatos foi como escolher comprar um objeto valioso entre três amigos, onde somente um sairá venturoso, e só depois de efetuado o negócio, saberemos quem é amigo de verdade. Dar uma fatia do PIB para comprar a diplomacia e receber boa vontade dos países (52 bilhões). Ter nas mãos o poder de criar 5000 empregos diretos na indústria francesa, sueca ou americana, não tem preço. Existem coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras existe mastercard.

domingo, 6 de setembro de 2009

Twitter, Orkut e nada mais


As redes sociais web Orkut e Twitter atualmente têm aglomerado uma parte considerável dos internautas brasileiros. Principalmente o Orkut cujos dados impressionam. De acordo com inforamações divulgadas pelo Ibope, o Brasil tem 25,5 milhões de usuários residenciais. Do total, cerca de 17,85 milhões utilizam a rede do Google. Ou seja, o Orkut alcança, mensalmente, 70% dos internautas. O Twitter é um fenômeno, este cresceu 1382% de um ano, mas no Brasil os números referentes ao acesso ainda não atinge o patamar orkutiano, se levarmos em conta os três primeiros meses de 2009, o número de visitantes ao Twitter foi de 979 mil. A cifra, porém, não significa que o serviço de microblog tenha quase um milhão de usuários ativos no Brasil.

As diferenças entre Orkut e Twitter não pairam apenas nos dados sobre acesso, as características dessas redes de comunicação, vão além disso; do ponto de vista da segurança, o twitter é mais vulnerável ao ataque de crackers e hackers, pois os links que trafegam no microblog geralmente são criptografados, e também existem muitos perfis falsos, que quando clicados infectam o perfil do usuário com uma enxurrada de spams. O Orkut até pouco tempo era constantemente alvo de ataques, entretanto o grupo Google dispôs de um pacote de ferramentas dentro do próprio site Orkut, para a proteção do usuário e de sua privacidade. Outro fator é com relação à impessoalidade, neste caso em haver uma conexão de pessoas, que na realidade é apenas uma suposição, uma mera presunção de que aquele outro individuo virtual tenha uma interação social. No Orkut, por exemplo, os “Amigos” podem interagir livremente, como se fosse um “corpo-a-corpo”, diferentemente, no twitter onde as personalidades chamadas de “seguidores” dão uma falsa impressão de interatividade, quando apenas enfatiza o emissor da mensagem, eliminando o debate e a troca de idéias.

Vale dizer que o Twitter funciona no campo da comunicação declaratória. Não existe construção de idéias, preza-se o dinamismo, o “mini-resumo”. Muitos utilizam como um Big Brother Virtual, irritantemente, escrevem no seu tweet qualquer ação, qualquer coisa que estejam fazendo naquele momento, isso ocorre, talvez, devido ao serviço de portabilidade que o twitter dispõe. Assim, o usuário do twitter tem poder de mostrar aos seus “followers”, a própria vida em tempo real, ao vivo e sem cortes, se assim desejar. É a nata mais aparente do modelo de comunicação veloz da juventude.

O Orkut por sua vez, vem decaindo drasticamente, o excesso de publicidade que invadiu e se alastrou pelas páginas e scrapbooks acabaram por afastar muitos usuários, alem disso o grande numero de perfis falsos (fakes) e a difusão indiscriminada de conteúdo pedófilo, contribuíram, também para frustrar a experiência de utilização do serviço por pessoas que se consideram desconfiadas com o destino e privacidade de suas fotos e informações pessoas. Já que recentemente o Ministério Público e a Policia Federal quebraram o sigilo de diversos perfis, em busca de informações sobre crimes virtuais, mais precisamente imagens de contexto pedófilo.

O twitter é designado como tendo um público mais esclarecido e formador de opinião do que utilizadores do Orkut, diz-se por isso que não se popularizou vastamente no país. Para sustentar essa insubstancial hipótese, os seus precursores afirmam que o twitter não é compatível com o internauta médio brasileiro.

Um traço muito interessante no Twitter é porque tornou um ponto de encontro entre famosos e fãs, não que isso denote uma literal interatividade, mas pelo menos ocorre um contato, unilateral é claro, e a mensagem quase sempre é multidirecional, embora esta mensagem encontre uma audiência efetivamente grande. O mesmo não acontece via Orkut, pois lá é campo aberto de batalha e debate. Ali, os famosos e poderosos têm medo de se expor. Equivale a se apresentarem no meio da multidão, em praça pública.

No Twitter a interação: famoso X famoso, é constante, os desentendimentos não. Mas desde a apoteose da presença de pseudo-famosidades e personalidades da nossa vida não-virtual no site, o bulício ganhou destaque nos programas e sites de fofoca, assim como nos fóruns da web em geral. Tivemos e vimos várias desavenças, o mais recente foi a crise sobre a “sena” que a filha de Xuxa, a Sasha, escreveu no tweet da mamãe, o erro ortográfico causou um frisson, da mesma forma que o retruco que Xuxa deu nos internautas que criticaram a filhinha querida. Antes dessa, Rubinho Barrichello e o Repórter Vesgo protagonizaram um causo por causa da famosa “mola” do carro do piloto. A política também está inclusa no pacote de micos do twitter; o Senador Aloísio Mercadante que publicou na sua página no site que sairia da liderança do PT, teve de colocar a cara e voltar atrás da decisão no mesmo twitter, o que constrangeu não somente ele, mas seus aliados “twiteiros”, e ainda por cima, o mesmo foi esculachado pelos seus opositores políticos-internautas. Falando em opositores e oposição ao governo; a figura de Sarney foi a síntese do significado do twitter, pois a campanha #FORASARNEY (sic) foi entoada a partir do Twitter, e engendrada em sua base pelo perfil twiteiro: Juventude DEM, criou-se a partir daí um hit na internet, o fora Sarney deixou claro e evidente de como a estruturação das idéias são “formadas” nesse twitter. Ou seja, grande parte dos internautas usuários do site pediam em seus perfis e entoavam em seus tweets: #FORASARNEY, entretanto nos 140 caracteres ninguém explicava que o presidente do Senado está por aí há 45 anos, que a bronca tucana é oportunista, que Arthur Virgílio é um bandalho e que o movimento midiático faz parte de um projeto de desestabilização do governo Lula. Só.