terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Big Broadway Brazil


O Big Brother n começou, e com ele o período em que milhões de pessoas desperdiçam kilowatts, e mais kilowatts de eletricidade para assistir esse esboço de programa, que por sinal apresenta algumas particularidades interessantes dentro dessa esfera televisiva pós-moderna. Em sua curta vida, o Big Brother Brasil já tem um papel relevante no que tange a movimentação de dinheiro no mercado de revistas de conteúdo erótico e pornográfico, a cada nova remessa, pelo menos 60% dos bbb’s pousam nus, as espiadinhas parecem estar dando bastante lucro, e nesses tempos de crise sabe como é. Entre as diversas e divinas atribuições do bbb, está o dever patriótico de renovar a composição de meta-celebridades que muito em breve atuarão nas baladas desse Brasil varonil, que é gigante pela própria natureza e um impávido colosso. Cada nova edição do Big Brother abre vagas e dá um novo brilho, ou melhor, recicla o “profissional” ex-bbb, que vê essa temporada de safra como uma nova oportunidade de se vê na tela, de expor sua imagem no mercado midiático. O ritmo ciclotímico gerado por Bial e seus comparsas não se encerra ai, o bb também é um termômetro, um indicador, do padrão sócio-cultural que vigora em determinadas classes da sociedade; para a casa mais espiada do Brasil só entram perfis que atendem a uma determinada linha estética, ou você já viu algum desempregado desdentado relaxando na sauna do bbb. Outra intendência desse programa é a de ser um prato cheio para os blogueiros, uns espinafram, esculacham sem dó nem piedade atacando de um ponto de vista racional, mas outros, desavisados, escrevem com pieguice própria de telespectador viciado nos melodramas da casa. O efeito causado pelo Big Brother Brasil é mais visível após o termino desse programa, é quando um punhado de “Rafinhas, Natálias, Tatis e Fernandos” são lançados ao mundo real. Esses novíssimos pseudoartistas permeiam na nossa telinha, mas não nas telonas (deu pra sacar a ironia?). Na parte de divulgação, propaganda e marketing do bbb o que chama a atenção é um ato de grande criatividade e ao mesmo tempo oportunismo; o cartel montado em conjunto pela Globo e RedeTV, enquanto a primeira cede as imagens exclusivas do programa, a RedeTV ganha audiência vinculando, à tarde toda, no programa de Sônia Abrão, flashes, namoros, brigas e outras fofocas que rolam dentro da casa dos bbb’s; um mutualismo perfeito. Por mais inútil que pareça, o bbb faz sucesso, já foi também um fenômeno de audiência no começo, mas hoje em dia não tem o mesmo vigor. O formato do Big Brother fez e faz sucesso em outros países, principalmente nas camadas inferiores da sociedade, cumprindo assim o seu papel massivo. Depois de tantas críticas, Voilà, eu assisto o big brother. Mentira.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Tiros para quê?

Depois de uma semana sem novidades quentes no noticiário, abdiquei do óbvio e não irei falar da guerra no oriente médio, chega de conflito, guerra, maldade, tiros, mísseis e foguetes, vou falar sobre algo que tem matado bem mais do que qualquer guerra. Os motoristas brasileiros, usuários dos matadouros de asfalto ralo talvez não saibam, mas no trânsito, em oito anos, foram registrados mais de 2,5 milhões de acidentes no Brasil, com 254 mil mortes, segundo a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego. E dentre os fatores podemos começar a enumerar com a histórica falta de observação e o descaso com que o Estado como um todo trata a infraestrutura rodoviária. Somando isso à idade sexagenária da frota automobilística que trafega por estradas de barro esburacadas, adicionado ao despreparo na formação dos pilotos-motoristas, consumidores que compram os testes de habilitação entrando nas vias e autoestradas pelas portas da clandestinidade, sendo um risco em potencial para os pedestres e a outros clandestinos, por não conseguir tirar a carteira “na raça” como se diz na gíria popular, os novos motoristas procuram a alternativa mais acessível nos DETRANS da vida. Mas essa lacuna existente no condicionamento intelectual e psicológico que os motoristas estão submetidos em sua pseudoformação, poderá ser preenchida com o aperfeiçoamento da legislação do código de transito, que a partir desse ano irá requerer o dobro no número de horas-aula, tanto teórica quanto na prática da pilotagem em vias públicas. E a demonstração mais evidente da ausência estatal no âmbito da composição infraestrutural de trafegabilidade no Brasil, vê-se privatização das principais vias e corredores, entregando ao pedágio a sua falta de intervenção e atuação política. O máximo esforço empregado pelos governos, tanto federal quanto estadual, são as dispendiosas operações tapa-buracos, que se limitam a roçar a vegetação das margens das pistas, colocarem placas de sinalização, que logo serão recobertas por uma crescente camada de “mato”, gasto de milhões em um recapeamento, se é que podemos chamar disso, que vai com a correnteza logo na primeira ou segunda chuva que vier. 

As leis também não têm muita serventia na prevenção dos acidentes, a própria lei seca, que no seu até então, período de vigência, só se viu aumentar a quantidade de tragédias relacionadas à dupla: direção mais bebida.  Foram concedidos à iniciativa privada, por 25 anos, todos os problemas de manutenção das estradas que as quais fluem os produtos de exportação, os leilões da ANTT, deixaram nas mãos de empresas privadas quinhentos anos de irresponsabilidade e descaso; em troca das boas condições de tráfego os usuários dessas vias são penalizados através do pedágio, este, que não é descontado nos impostos dos automóveis. E mais, em 2006, o IPEA demonstrou que os impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras são bastante significativos, estimados em R$ 24,6 bilhões, principalmente relacionados à perda de produção relacionada às mortes das pessoas ou à interrupção das atividades das vítimas. Além dos custos diretos, há vários outros, como a desestruturação familiar e pessoal. Os acidentes de trânsito matam hoje mais de um milhão de pessoas por ano em todo o mundo, os países perdem de 1% a 2% do PIB com gastos relacionados aos acidentes automobilísticos. O SUS informa que em 2006 foram 123.061 internações, divididas entre atropelamentos e acidentes de motos. As estatísticas relacionam ao consumo excessivo de bebidas alcoolicas, alta velocidade, não uso de capacetes ou cinto de segurança, e problemas de infraestrutura em vias e rodovias públicas. O número de adolescentes que morrem na faixa de Gaza também não se compara com a quantidade que sucumbem nas nossas corruptelas. Só para encerrar; uma ironia se instala em terras alemãs, onde as auto-bahns, superestradas que não têm limite de velocidade, em que os carros “voam” com extrema segurança, num tapete de asfalto, quis o destino fossem projetadas por um engenheiro brasileiro, pernambucano, Antônio Bulhões. Essas suprestradas são custam menos que os nossos matadouros de piche e barro.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Dois mil e nove anos de fundamentalismos

É, dois mil e nove começou com muitos fatos importantes para o noticiário. A principal, a milenar guerra entre árabes e judeus na terra santa, parece que só vai terminar mesmo quando não restar mais pedra sobre pedra. A ofensiva israelense por terra pretende destruir a armada do Hamas. Os mais de 530 mortos do lado palestino são vitimas não só da guerra, mas alvos de um cisma ideológico, político e religioso que vêm desde a raiz histórica desses povos, desde Moisés, Davi e outros; o povo judeu sofreu até mesmo nas mãos de Hitler. Os árabes não estão errados quando dizem que o Estado de Israel foi criado por terroristas. A origem de Israel está no terror nazista, está no holocausto. A ONU tinha planos de criar o Estado de Israel na Argentina (os argentinos apoiavam), em Madagascar, ou na terra ocupada pelos palestinos, escolheu a pior opção possível, colocou lado a lado grupos fanáticos, implantando-o dentro do barril de pólvora do Oriente Médio. A criação do Estado de Israel foi o maior erro do Século XX. 2000 anos depois da diáspora imposta pelos Romanos aos Judeus; Israel não tinha direito legal nenhum sobre a terra, apenas um pressuposto nas escrituras. Isso é a mesma coisa que devolver a Itália todo território que um dia foi o Império Romano, devolver a França o que Napoleão conquistou, devolver aos índios o que chamamos hoje de Brasil. Ou seja, isso foi uma idiotice. O fanatismo fundamentalista refere-se a movimentos étnicos extremistas com motivações étnicas e religiosas que através dos anos, e atendendo, muitas vezes interesses privados difusos, fundaram grupos armados para defender e lutar pela sobrevivência de uma idéia, e ai está a diferença entre esses e os nominados terroristas. O Hamas, o Fatah, o Hezbollah, esses grupos armados causam terror em nome de Deus e de uma doutrina. Um fato bastante interessante e que explana bem as crenças seguidas pelo islamismo dos árabes e que na Grã-Bretanha o estado passou a enterrar os suicidas, cobertos em pele de porco. Como vestido de porco ninguém entra no paraíso islâmico, os atentados cessaram.

Voltando, foi Israel quem ajudou a criar o Hamas, seu inimigo número 1, Israel acreditava que a organização seria um contraponto islâmico à influencia de Yasser Arafat. O que acabou sendo um tiro no pé, pois o Hamas detém, hoje, poder militar na faixa de gaza. A paixão na crença não extinguiu o proselitismo religioso de grupos mercenários, dispostos a matar e a morrer por objetivos obtusos, respondendo a interesses de dirigentes de facções locais. Os fundamentalistas fazem algo parecido com os chefes do tráfico dos morros cariocas. Fornecem à população o que os ocupantes israelenses negaram e que a autoridade palestina ainda não conseguiu prover: educação, transporte, assistência médica, alimentos, oportunidades. Os palestinos utilizam o terrorismo, também, como forma de compensar a falta de um exército nacional, já que não tem nem um Estado organizado, quanto mais um exército. Todo esse desejo ultrapassa qualquer tipo de nacionalismo, ou patriotismo, vai além disso, é uma questão moral. Estados Unidos acusam o Irã, não sem razão, de estar por trás das operações do Hamas. Mas, além das doações do Irã e de alguns estados do Golfo, a maior parte do dinheiro do Hamas vem mesmo de palestinos americanos. Terrorismo é imperdoável. Hipocrisia também. Os palestinos só tiveram algumas conquistas, ainda que modestas, quando começaram a negociar. Prisões, homens-bomba, assassinatos e repressão só criarão novos mártires, heróis e fanáticos. Os séculos da justiça do olho por olho criaram uma legião de cegos. Por outro lado, Obama poderá, se ele assim tencionar, ser o grande mediador do cessar-fogo desse confronto, já que os EUA sendo o maior aliado de Israel, país com o qual há uma relação militar de suserania e vassalagem, e Israel tem sido considerado um pais mercenário aos desejos dos EUA naquela região. O presidente eleito dos EUA, que está em férias, ainda não tocou no assunto. Talvez tentando evitar a sinuca de bico entre a opinião pública, desfavorável ao ataque israelense, e o dever diplomático acordado de apoiar Israel na investida. No final das contas a culpa disso tudo só pode ser do saudoso Oswaldo Aranha, famoso por ser um aliancista dos EUA nas questões diplomáticas na era Getulista. Ele Presidiu a II Assembléia Geral da ONU que votou pela partilha da Palestina, fato que rendeu a Aranha eternas gratidões dos judeus e sionistas por sua atuação. Aranha foi muito presenteado.