domingo, 27 de abril de 2008

Desconstruindo a gravidez na adolescência. No Brasil

Dados do IBGE mostram que nos últimos dez anos, o número de mulheres que foram mães entre 15 e 17 anos passou de 6,9% para 7,6%. Aumento se deu principalmente no Nordeste. A falta de políticas públicas direcionadas à família de classe média-baixa brasileira é um fator determinante para o progressivo e desordenado aumento do número de casos de gravidez indesejada na adolescência, no país. A carência de planejamento familiar gera um nocivo encargo para o estado, que já se vê saturado, e não consegue suprir as necessidades, sejam elas, alimentícias, educacionais, salutares e de renda, dessas" jovens pré-famílias".
Alguns fatores estão na gênese do problema; um desses, bastante observado, é a relação que há entre a prematura iniciação do jovem, e até mesmo da criança, na sexualidade, esta, banalmente mostrada e aludida nos veículos midiáticos, e o desenvolvimento de uma certa erotização prococe. Também, outro fator preponderante à essas problemática, é a questão da mudança, ou mesmo, da reconfiguração dos costumes, isto provido pela globalização e pelos métodos capitalistas impostos na sociedade. A mesma mídia que vincula a sexualidade, sem distinguir faixa etária, não se importa em produzir instrumentos para contê-la, mas nesse caso a culpa recaí sobre a gestão estatal, na qual não há interesse de investir em campanhas publicitárias preventivas e nem estratégias "anticoncepcionalizantes". Sem meios de sustento a qualidade de vida da 'família' jovem e pobre, caí drasticamente, levando muitas vezes a causar uma desestruturação, desequilíbrio, do convívio e da prática familiar.
Uma forma viável de remediar essa situação, é a implementação de aulas-campanha sócio-educacionais, como forma de esclarecimento, informando e tornando acessível ao cidadão comum das 'castas' tidas como inferiores, o modo eficaz e programado de iniciar a vida familiar. A publicidade tem um papel mais do que essencial nesse tema. O alvo principal deve ser a consciência do jovem.

domingo, 20 de abril de 2008

Entrando numa globalização

Vencido por uma doença e pela pressão social, o general, absolutista, ditador, Fidel Castro retirou-se do poder em Cuba e pôs Raul Castro, seu irmão, no governo da ilha, a partir de então, pequenos usufrutos que qualquer cidadão globalizado detém foram concedidos aos cubanos; coisas como comprar computador, celular, DVD, moto, televisão, etc., uma série de produtos eletrônicos, com venda restringida desde 2003 devido ao déficit energético do país, segundo explicações oficiais. Bens que além da venda proibida, não eram produzidos no país. Embora essas mudanças estejam no desejo popular, ainda é grande a desconfiança, pois vêm de um povo que toda vida confiou no que foi a revolução, no que ela é, e no que ficou de positivo.
Voltar a respirar ares capitalsitas, pode ser, num primeiro momento, uma experiência amarga; viu-se na Rússia no período pós-guerra fria a complexidade da substituição de um sistema econômico, político e social. As privatizações, o atraso tecno-industrial, o processo de desburocratização, a transformação cultural, o desemprego estrutural ('pois onde entra a máquina sai o homem'), recessão; são fatores e danos, que afetaram a Rússia, por sinal foi o motivo da moratória de 1998, e que são iminentes à Cuba, caso a operação de abertura ao mundo "americanizado" seja feito de maneira dispersa, imprudente, arbitrária e heterogênea, podendo jogar por água abaixo os êxitos de 49 anos 'de la revolución'.
É certo, que a curto prazo não há possibilidade de assistirmos o cenário acima explicitado, porque enquanto houver a figura de Fidel como "dono da ilha", justificando e tentando legitimar a sua outrora gloriosa revolução, não se terá mudanças mais profundas. Fidel, Che, Camilo Cienfuegos e o mito dos salvadores do socialismo, em um futuro bem próximo inevitavelmente serão engolidos junto com suas ideologias pelo capitalismo que tanto combateram.

Nos somos la vanguardia de la revolución

domingo, 13 de abril de 2008

Do direito e o dever de reivindicar

A ocupação da reitoria da UnB semana passada, foi uma mescla de tensão e descontração; tensão pois no começo quando tomaram o prédio, os estudantes foram agredidos física e moralmente pelos seguranças da universidade; a descontração ficou por conta do sujeito vestido de 'Borat' que corria dentro da instituição tentando convencer mais alunos a aderirem ao movimento e não assistirem aulas. Os estudantes reivindicam a saída do reitor Timothy Mulholland e do vice-reitor Edgar Mamiya, de forma a permitir que possam ser realizadas com isenção as investigações sobre uso irregular de recursos da instituição.

O ato de protestar, insurgir, rebelar é a forma mais democrática de reclamar algo que não condiz com a ética. No Brasil, hoje, somente os estudantes - a minoria deles - têm esse poder e espírito de luta, isso se deve à formação acadêmica, que nos faz transcender o conformismo e nos estimula como uma necessidade fisiológica quase que espontânea de questionar, de discutir, o porquê de determinado fato. Protestar é um direito concedido, jurídica, social e democraticamente a todo cidadão. Então por que apenas os estudantes "saem às ruas"? Também tem os sindicatos, que almejam o interesse do trabalhador; mas é com clareza que se vêem que esses órgãos estão intrinsecamente ligados à política e à politicagem.
Meses atrás no Paquistão, país pobre, bem mais pobre que o Brasil, ficou explícito que em relação à busca do direito coletivo, os paquistaneses estão anos-luz à nossa frente; pois foi evidente a imagem deles nas ruas clamando por democracia e por um interesse comum a todos; algo que no nosso país há muito tempo não se vê.
O indivíduo tem o dever cívico e moral adicionado ao ético, de primar pelo 'bem-conjunto', segundo esse dever, que é socialmente construído, as pessoas, em geral, deviam atentar mais para os acontecimentos políticos, sociais, culturais, etc.; totalizando, para os fatos que afetam direta e indiretamente a sua vida. E assim como fizeram os estudantes da UnB, as pessoas, - os brasileiros - diga-se de passagem, deviam ter essa índole de "correr atrás" de buscar melhorias e benefícios para a sua vida e para o coletivo através do protesto, da reivindicação, da luta.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Morte de Isabella, imprensa e dimensão Madeleine

Estamos acompanhando ansiosamente o desenrolar das investigações do assassinato da menina Isabella; um crime brutal que chocou a todos nós. A grande questão que a polícia, em sua semântica mais branda, tenta desvendar, é o autor do delito. Entre os acusados estão o pai, e a madrasta da menina, que negam peremptoriamente. A sociedade espera que o delinquente seja posto à vista pública, e que venha a ser julgado com o mais vigoroso rigor da "justiça brasileira", ou seja, fique preso por uns dois ou três anos. É certo que Alexandre, o pai, já tem uma jurisprudência contra si, pois Ana Carolina Cunha, a mãe, já havia registrado queixa à polícia contra o ex-marido em 2003. Na ocasião, Isabella tinha 1 ano e 4 meses, Ana afirmou à polícia que Alexandre vinha fazendo ameaças contra ela e a mãe dela, avó de Isabella. A bancária afirmou também que o ex-marido ameaçou matá-las e sumir com Isabella após uma discussão.

Mas essa mesma sociedade que clama por justiça, de antemão, predispõe e prejulga, como sendo o pai e a madrasta os criminosos; essa posição é bem nítida nas entrevistas, nas conversas, e até em alguns programas de tevê.
A imprensa em geral, e especialmente os conglomerados midiáticos tupiniquim, cumprindo o seu papel de dispersora de informação, conseqüentemente faz o sujeito(ouvinte), fecundar a sua opinião congruente com aquilo que lhe foi repassado. E pela imagem transgressora dos acusados que está sendo mostrada pela mídia, as pessoas estão aludindo imprudentemente sobre os tais. O triste acontecimento de Isabella pode e até deve estar em foco nos meios de comunicação, mas estão querendo transfigurar o caso no episódio Madeleine, menina de 3 anos, inglesa, e que desapareceu em Portugal, e que ainda hoje não há notícias do seu paradeiro; nesse incidente, uma avalanche de delações infundadas puseram os pais da menina quase num ostracismo irreversível, até que foi provado a inculpabilidade.
É preciso ter um pouco de diligência, precaução, cautela, e porque não dizer, responsabilidade, antes de difamar e destruir a vida social e a moral do sujeito. Aguardemos com moderação, e justiça seja feita.