domingo, 26 de abril de 2009

Democracy airlines


Nem causou espanto. Perplexidade? Tampouco. A farra das passagens aéreas dos deputados e senadores foi somente mais uma maracutaia, falcatrua, traficância dentre inúmeras que nos adaptamos a observar passivamente. Antes, pelo menos havia gestos indignados diante à corrupção deslavada, nesse passado pouco recente, sempre algum membro honrado do nosso parlamento, mesmo que só para ganhar evidência na mídia, levantava a bandeira da ética e da moralização democrática, mas hoje a democracia é confundida com permissividade. Dessa vez o cinismo extravasou todos os limites aceitáveis da mundialmente conhecida má-conduta do político-mafioso-brasileiro. Agora, vimos cair a auréola virginal de alguns políticos tidos como politicamente éticos. Até mesmo Fernando Gabeira assumiu que sujou sua imagem. A vergonha está se dissolvendo, pela certeza da impunidade futura.

E o pior, isso ocorre no nível máximo e no mínimo; vem lá do ninho, quantas vezes já não foi mostrado vereadores fazendo turismo com o erário público. Em 2008, foram gastos 78 milhões com passagens aéreas somente pela câmara; junto a isso 1881 bilhetes internacionais, a exemplo do deputado Dagoberto (PDT-MS) campeão em voos para o exterior, ao certo na sua jornada de política externa, deve está tentando conquistar o mundo. Por outro lado, a maioria dos parlamentares questionaram a proibição de repassar bilhetes para parentes; agora o momento diversão, o deputado Silvio Costa (PMN-PE) afirmou que as novas normas poderiam provocar o fim do seu casamento, soltando a seguinte pérola: “Assim vocês querem que eu me separe”. Fato interessante e relevante: os representantes do Distrito Federal no Senado e na Câmara recebem uma cota de 3,7 mil reais para gastos com passagens aéreas, embora eles não precisem realizar viagens para comparecer ao congresso, na nova regra que está tramitando isso não será modificado, não pergunte o porquê. As novas regras, que ainda não estão em vigor, ditam que somente os deputados poderão receber passagens aéreas e somente para vôos nacionais. Os gastos serão publicados na internet. O texto da Câmara, com as tais novas regras deveria entrar em vigor imediatamente, mas, devido ao protesto e “cara feia” dos deputados, o benevolente presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), decidiu levar o tema para votação em plenário, com isso o projeto poderá receber as emendas, ou se preferir, brechas. Lembrete: o próprio Temer assinou o ato 42 da mesa diretora no ano 2000, na sua primeira gestão, que instituiu a cota de passagens e abriu caminho para o uso do beneficio por terceiros.

E a Democracia vai pelos ares.