quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Paralisia

A polêmica questão da eutanásia reacendeu esses dias com o caso da italiana Eluana, cuja família obteve na justiça o direito de submetê-la ao processo de eutanásia. Esse caso ganhou destaque e gerou uma disputa política na Itália, país com 90% de católicos, já que houve um choque de opiniões entre o primeiro-ministro e o presidente No momento em que Eluana morreu o Senado italiano debatia um projeto de lei para impedir que sua alimentação fosse suspensa. Depois de tomarem conhecimento do fato, todos os senadores se puseram de pé e fizeram um minuto de silêncio. Depois, o vice-líder da ala conservadora do Senado, Caetano Quagriello, tomou o microfone e disse que “Eluana não morreu, mas foi assassinada”. Foi o estopim para embate ideológico, e é ai que se levanta a igreja católica apostólica romana, detentora dos princípios fundamentais da vida humana, administrando dose a dose, através dos séculos, os dogmas que regem os cristãos. O ministro de Saúde do Vaticano, o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán reiterou nesta sexta-feira que para a igreja "o direito de morrer não existe". Ele condenou a decisão da Justiça italiana. Segundo um documento da Academia pontifícia que consegui, sobre os problemas éticos e científicos relativos ao estado vegetativo, retirei um ponto importante:

§ 9 Reconhecemos que cada ser humano possui a dignidade de pessoa, sem discriminação de raça, cultura, religião, estado de saúde ou condições sócio-económicas. Esta dignidade, fundada na mesma natureza humana, constitui um valor imutável e intangível, que não pode depender das circusntâncias existenciais concretas, nem ser subordinado ao juízo de ninguém. Mesmo reconhecendo como dever próprio da medicina, bem como da sociedade, a busca de uma qualidade de vida melhor para qualquer ser humano, consideramos contudo que ela não pode e não deve constituir o critério definitivo de juízo sobre o valor da vida do homem. Reconhecemos que a dignidade de cada pessoa também pode exprimir-se através da realização de opções autónomas; contudo, a autonomia pessoal nunca pode chegar a justificar decisões ou actos contra a vida humana própria ou de outrem: de facto, sem vida não há qualquer liberdade!

A14ª emenda da constituição americana de 1787, base de todas as constituições liberais modernas, diz que nenhum estado pode tirar a vida sem que haja um processo legal. Ou seja, o estado detém até a vida ou a morte. Será que depois de tantos anos não deveria haver uma discussão ou uma nova formatação desses conceitos supremos, diante dos novos paradigmas que conflitamos atualmente. Preferivelmente, o processo de vistas nesses modelos de direito humanos do século XVIII, deve ser ambiente global sereno, mas tende se aproveitar o momento, que é oportuno, para conseguir manter aberta a discussão, não só sobre a eutanásia, mas assuntos humanísticos diversos que peremptoriamente entrem em diálogo com a sociedade, isso tem de partir do Estado. Para isso, o fim do imobilismo nos parlamentos, no Brasil principalmente, quando são os direitos humanos. Esses temas são recorrentes e ciclicamente debatidos, mas nunca ganham um contorno de resolução definitiva. Do ponto de vista social a legalização da eutanásia seria um grande retrocesso civilizacional e iria levar a um desinvestimento na área da saúde. E do ponto de vista da ética médica, os clínicos estão treinados para defender a vida e não a morte. Tudo isso a partir da visão conservadora sobre o tema. Em contradição a isso, o suicídio medicamente assistido, que e permitido em alguns países, é o próprio doente que ingere a substância mortífera. Primeiro país a legalizar a eutanásia, a Holanda prepara-se agora para pôr em prática uma polêmica lei que prevê a eutanásia em crianças. Apesar de ilegal, a eutanásia de crianças até aos 12 anos é relativamente comum neste país, estimando-se que existam entre 15 e 20 casos por ano. Enfim, as matérias de caráter humanístico são exclusivas da liberdade individual dos seres e merecem ser contrapostas e dialogadas frente a sociedade civil. O que não pode ocorrer é a repressão de opinião sobre tais temáticas que só gera mais paralisia e atrasos no desenvolvimento da vida humana. Como está acontecendo na Paraíba. É o caso do deputado e padre Luiz couto que por defender, em entrevista, o fim do celibato obrigatório na Igreja Católica e o uso de camisinhas por razões de saúde pública, também, contrário ao preconceito contra homossexuais, foi punido na esfera religiosa pelo arcebispo Dom Aldo Pagotto, rival do grupo político de Couto, e que sempre interfere no escopo político da região, sendo correligionário e amigo fiel do ex-governador (cassado) Cássio. Conservadores: engessando o mundo desde de mil e num sei quanto.

14 comentários:

Anônimo disse...

Particularmente sou contra esse tipo de procedimento.

Luccannus - Jesum Christum est semper! disse...

Não sou Católico, mas sou Cristão, e como tal abomino qualquer tipo de assassínio, seja a execução legal aplicada ao criminoso pelo estado, seja o aborto, a eutanásia. E acho uma hipocrisia sem limite disserem que não é assassinato. Ora essa! Se o corpo está vivo, e privamo-lo da vida, não importa as condições, é assassinato, queiram aceitar ou não.
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Fico pensando aqui: como pode uma sociedade que se diz Cristã aceitar esse tipo de coisa? Exigir a morte do bandido, o direito à matar uma pessoa que nem nasceu nem pediu para nascer, o direito à matar um familiar, privando-o do benefício da dor!?!?
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Fiquei indignado com este caso, e passei a escrever um texto que recebeu o nome provisório de Sermão contra o Assassínio, onde procuro demonstrar a imoralidade e a injustiça por tais de atos como este.
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Assim que estiver pronto passarei aqui e deixarei o link - caso eu me lembre, pois ando meio esquecido ^^
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Grande abraço. Fique com Deus, na Paz.

Unknown disse...

o que eu mais tenho medo é quando eu nao puder me suicidar. tenho o direito de querer viver ou nao. hoje vou levando mas se um dia eu virar uma merda maior que sou que fique incomodando aos outros podem me matar. digo e repito - estar vivo é para viver...alguns orgaos batendo nao é estar vivo.

Alice Daniel disse...

Eu não posso afirmar qual seria a minha decisão de mãe num momento deste. Não interessa a lei e sim pais vendo o sofrimento de um filho. Isso envolve sentimento e não política. Portanto, só estando dentro do problema para saber o que vai no coração.

Léo disse...

Amigo esse tema é dificil de comentar porque envolve uma vida, sofrer? Morrer? qual a decisão a ser tomada? esse assunto tem que ser muito bem discutido para que quando for tomada atitudes não se tenha tanta polemica, mas indiscutivelmente esse assunto sempre tera um enorme impacto.

Parabéns pelo post, ganhou um seguidor

"Apaixone-se por Aninha http://leozukinho18.blogspot.com/

Anônimo disse...

Sem comentários

Anônimo disse...

Não e a coisa certa a se fazer, vai contra todas as leis divinas. Eu como catolico discordo de qualquer opiniao congruente com esse pensamento.

Paloma Piragibe - PP; doisP; doisps disse...

É mais complicado do que nascer, viver e morrer...
É muito difícil...

Déia Guimarães disse...

eu nao comento, minha opinião e meia distorcida.Mas sei lá
cada um pensa de uma forma.

http://www.cogumeloerosa.blogspot.com/

Pablo Mateus disse...

essa música desconcentra

Márcio Daniel Ramos disse...

Também sou contra a eutanásia. Quanto ao polemico caso da foto, eu não considero morte cerebral ou estado vegetativo morte de fato, afinal de contas, certo polonês passou nada menos que 30 anos em estado vegetativo, vivendo à custa de aparelhos, num belo dia “ressuscitou” por assim dizer. Esse caso já é antigo e foi reportagem de Veja. Ninguém tem o direito de tirar uma vida, mesmo que seja a própria.

Anônimo disse...

NUSS

^^

Anônimo disse...

Poxa, não consegui logar com meu profile =_=
Enfim, wow! Seu blog é muito bom, tanto no sentido visual quanto no conteúdo! Comentando aqui na eutanásia porque é um assunto que me interessa muito... Eu, sinceramente, não vejo diferença entre eutanásia e assassinato. Não concordo com nada que envolva mortes de inocentes... Inclusive, ES [células tronco].
Adorei o post, foi bem informativo. Muitas vezes, matérias em sites renomados não são tão completas assim n_n. Parabéns!

Lucas F. Bittencourt disse...

É realmente um assunto q causa muita polêmica... E eu, particularmente, preferiria morrer a ficar anos e anos deitado numa cama de hospital sem poder fazer nada e sendo alimentado por tubos...
seu blog ta show!
Abração