domingo, 16 de agosto de 2009

Manipulação e manipulaçãozinha

“O bispo disse que certa vez Mateus (7:3) deve ter dito: Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?”

Sobre a eterna rixa entre Globo e Record, que essa semana protagonizaram um combate deplorável, além de antiético, em pleno horário nobre da TV brasileira, comprovou-se, primeiramente, que o auge da disputa pelo mercado midiático nacional, e também pelas fatias das cotas publicitárias estão mais acessas do que nunca; claro, a Globo tem uma influência e um poder inigualáveis, mas a Record como concorrente imediata tenta pegar carona na onda da TV carioca. A troca simultânea de acusações nos Jornais: Nacional e da Record, gerou uma celeuma digna de final de copa do mundo que o juiz não marcou aquele pênalti claro. A questão foi erroneamente desviada para o campo religioso, colocando em confronto a fé de católicos e evangélicos além dos limites religiosos, neste caso nenhuma das emissoras teve prudência. Mas não cabe discutir esse tema aqui.

Um fator que não foi posto em xeque no ataque da Record à Emissora dos ‘Marinho’, foi que ninguém pode afirmar que a Globo esteja patroneando a reinvestida do ministério público, embora essa opinião tenha ficado implícita, nas entrelinhas. A rede Global aproveitou a deixa do MP, para explorar e escancarar de vez os podres da Record, entretanto de forma explicita, mas sem perder o sentido de legítimo jornalismo investigativo, contudo deixando transparecer o que ela ‘pensa’ sobre a rival. Contrariamente o jornal da Record e sua editoria, obviamente representando a figura de Edir Macedo se puseram a defendê-lo argumentativamente, e sim a atacar a globo de maneira fortuita, um grande erro, fraqueza, pois perderam a razão no momento em que ao invés de se defender dignamente, cederam à pressão e ímpeto da investida contrária, e caíram no alçapão no piti, entraram na defensiva, deixando clarividente que não detinham uma resposta coerente frente às denúncias. A rede Globo por sua vez soube com maestria, maquiar seus ataques à outra com uma classe “cesartraliana”, citando o nome “Record” oportunamente. Na Rede Record o tratamento foi outro, prevaleceu o sensacionalismo e o descaramento agredindo diretamente, valeu-se das repetitivas matérias-circulares (exibida em praticamente todos os programas), que mostrou tudo aquilo que somente poucos sabem sobre o passado vil e sombrio da grandona, fatos sobre a amigável relação da família Marinho com a ditadura, Timelife, Proconsult, e a impagável expressão bovina de Cid Moreira discursando o direito de resposta dado à Brizola. O mais banal foi a Record usar a popularidade de Lula para agredir a “grobo”, incitando sua posição contrária ao presidente como forma desmerecimento. Na mesma matéria glorificava a Record, mostrando o lado benevolente da igreja Universal, exibiam toda a grandiosidade toda megalomania, o sonho abstrato da liderança (im)possível, entretanto, focava também na ações sociais exercidas pela igreja (e é para isso que ela foi criada, e isenta de impostos), indiscutíveis, mas que não eliminam a real acusação de desvio de fundos. Outro ponto de destaque observado foi que a TV Globo ofereceu o legitimo direito de resposta ao advogado do grupo acusado, a Record apenas despejou todos os escândalos que envolveram a vida pregressa da ainda hoje nefasta, Globo.

A postura mais incoerente se revela e na afirmação importante e relevante, que a Record se refere ao dizimo como “doação espontânea”, mas ao mesmo tempo critica a Globo por manipulação; as pessoas assistem as besteiras da Globo espontaneamente também, ou seja, existe manipulação da informação pela Globo, logo existe manipulação da fé dos fiéis pela Record. Manipulação essa que, teoricamente, se reflete nos 1,4 bi de faturamento anual da IURD. Sobre o monopólio da informação que a Record acusa a Globo é um delírio, um delírio antigo, hoje esse argumento não se justifica, até mesmo porque a própria Record e a Band se estabeleceram como forte contraponto à qualidade jornalística da Globo, e o que falar da internet onde não há controle da informação, reitero, a tese do monopólio já não é.

Este disparate entre as duas será benéfico para os telespectadores e brasileiros em geral, pois estamos vendo as duas emissoras se anularem na mesma vala, está aparecendo suas verdadeiras faces, a realidade oculta está emergindo nua e crua, dos dois lados. Ou dá ou desce. Amém