sábado, 30 de maio de 2009

A palavra é: irresponsabilidade

Não achei nenhuma imagem para ilustrar esse artigo, e tampouco minha indignação. Antes de tudo quero dizer que como estudante de Jornalismo e defensor do diploma como um voto a favor do profissionalismo, fiquei desapontado com a decisão do STF. Mas na verdade não é o fim do mundo, e nem motivo de paranóia, para infelicidade de muitos inescrupulosos que desejavam o fim da obrigatoriedade do diploma. Não mais o diploma, mas o talento fará a diferença, esse talvez seja o grande trunfo dentro desse momento apocalíptico para os jornalistas, também diminuirá a farra dos diplomas nas inúmeras faculdades de esquina de surgem diariamente. Algumas faculdades vão fechar, e só as melhores vão se manter. Agora, também, veremos desveladamente quais empresas jornalísticas podem levantar o mão, e verdadeiramente, se auto-proclamar séria e responsável socialmente, compromissada com o leitor-consumidor. Quanto às contratações, suponho que não mudará muita coisa, será preferível um profissional formado em jornalismo, mas não será via de regra. A verdade é que de alguma forma favorece as grandes empresas do ramo, pois a questão de pagamento do piso salarial deixa de ser necessária. Hoje, para o jornalista formado trabalhar, o mercado será mais competitivo, pois agora ele estará concorrendo a um cargo, onde quem vai determinar o que irá receber será o empregador, e não uma determinação sindical. O voto do STF humilha a memória de gerações de jornalistas profissionais e, irresponsavelmente, revoga uma conquista social de mais de 40 anos. O ministro Gilmar Mendes dizer: “A formação específica em cursos de jornalismo não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros”, foi um dos maiores absurdos, ou se preferir, pérola, já verbalizada por uma autoridade tão importante no país. Com essa afirmação ele revogou todos os casos de calúnia, infâmia e difamação já julgados nesse Brasil do retrocesso social e democrático. Como disse Elaine Tavares: “É um argumento anti-intelectual, anti-cultural, anti-vida.”

Vale lembrar que o diploma nunca foi exigência para praticar o jornalismo, Arnaldo Jabor, Boris Casoy, Diogo Mainardi, Miriam Leitão, são exemplos considerados “grandes” que não tem diploma em jornalismo, o que jamais e de forma alguma reduziu sua aceitação nas folhas jornalísticas. E isso roga e comprova o clichê “que nada substitui o talento”. No Brasil, a mídia deveria ser realmente tratada como 4º poder e ser comandada por pessoas sérias, idôneas e com base acadêmica. Informar e levar conhecimento pras pessoas não é algo pra ser tratado como descartável, inexpressivo, sem valor. O fim da necessidade da formação profissional representa o fim do compromisso dos jornalistas com o Código de Ética da profissão. Isso abrirá as portas do jornalismo para os picaretas, que passaram a usar a informação em interesse próprio, sem qualquer compromisso com a sociedade e com a ética, um déjà vu triste da História brasileira. Gostaria de deixar claro e evidente que, não que a formação acadêmica impeça o profissional de errar, mas o diploma é uma garantia de que ele ao menos teve acesso a um conhecimento que não pode ser adquirido como conseqüência de aptidões naturais e algum treinamento; o mesmo equivale para engenheiros, enfermeiros, dentistas. A expectativa futura para os jornalistas seria a criação do Conselho Federal de Jornalismo, que embora imprecisa e criticada, mas havendo uma reformulação poderia ser um novo marco do jornalismo brasileiro, e tudo voltaria a correr normalmente. Foi um duro golpe na democracia que afetará gerações futuras, o resultado do que se fez nesta quarta-feira repercutirá anos mais tarde. A qualidade da informação também foi e será danificado por esse ato irresponsável da justiça do Brasil. Pois citando novamente Elaine Tavares: “é bom que se diga, o jornalismo é uma das formas de se comunicar alguma coisa a alguém que traz no seu bojo todo um conjunto de regras que extrapolam o elemento primordial de simplesmente dizer a palavra. Jornalismo é um jeito de narrar que pressupõe análise, conhecimento histórico, impressão, focos narrativos, contexto, conhecimento sobre linguagem, signos etc.. Coisas que a gente precisa aprender em relações de educação formal que extrapolem o desejo criador e criativo do ser sozinho.”

Para finalizar vou citar Muniz Sodré, uma frase que vi essa semana, não lembro em que lugar: ' Como conceber hoje o funcionamento dessa instituição "quase-pública", geradora da informação necessária ao cidadão para o pleno funcionamento da democracia, sem uma formação universitária, especializada, de jornalistas? Informação não é mero produto, nem serviço: é o próprio solo da sociedade em que vivemos, é o campo onde joga o cidadão. Se a garantia dessa formação adequada se espelha hoje no diploma, viva o diploma.

I-R-R-E-S-P-O-N-S-A-B-I-L-I-D-A-D-E.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

CPI à brasileira


A semana em Brasília foi agitada, os jornalistas tiveram de trabalhar bastante. Primeiro o causo do deputado Sérgio Moraes, “o manicure”, que disse estar se lixando para opinião pública. Ainda por cima, o mentecapto empiorou sua já escoriada imagem, ao dizer que não via irregularidade no fato de Edmar, o suserano do castelo medieval de 25 milhões, possuir o castelo há mais de 20 anos. Depois, o alvoroço da criação ou não da CPI da Petrobrás, para investigar fraudes em licitações, denúncias de desvio de royalties de petróleo, supostas irregularidades em contratos para a construção de plataformas e da refinaria Abreu e Lima (PE). Conseguintemente, as declarações de Lula também geraram certo clima desconfortável entre as bases do governo e da oposição; o presidente afirmou que formar uma CPI nesse momento (crise internacional) seria uma “manobra irresponsável” e que os senadores tucanos agiram como se estivessem “numa briga de adolescentes”.

Mesmo com a mobilização da base aliada para impedir a criação dessa comissão parlamentar, no final da noite de sexta-feira, não conseguiram a retirada de seis assinaturas para impedir a criação da CPI da Petrobras no Senado. Então se deu o pior, em plena crise nossa maior estatal vai ao júri.

Mas hoje faremos diferente, esfriemos nossos ânimos, e vamos saciar nossa fome de republicanismo democrático com uma deliciosa receita preparada especialmente para você, brasileiro, “que nem eu”. Deixemos de delongas e vamos aos ingredientes do nosso prato:

32 g Senadores

1 xícara de Denúncias infundadas

1 dose de Crise

3 colheres de Rivalidade política

2 latas de Declarações polêmicas

1 Arthur Virgílio

1 Tasso Jereissati

5 doses de Cachaça

Modo de preparo:

Em um congresso untado, junte os 32 senadores sedentos para acabar com a reputação de Lula, despeje em cima a xícara de denúncias sem fundamento comprovado, após, uma crisezinha econômica internacional para dar aquele sabor, seguindo, coloque as 3 colheres de rivalidade, aos poucos para não empelotar. Ferva por alguns minutos. Acrescente as declarações polêmicas. O Arthur Virgílio e o Tasso Jereissati você adiciona já no fim do preparo, eles vão conferir o sabor azedo ao paladar. Ponha novamente no fogo, aumente a temperatura, deixe apurar. Retire, coloque e deixe na geladeira por alguns dias. Sirva frio, talvez fique amargo, mas você logo esquece o gosto. Sim, as doses de cachaça você bebe, só assim para aturar a situação do Brasil.

sábado, 9 de maio de 2009

Ácido Desoxirribonucléico

O amoroso presidente paraguaio Fernando Lugo esteve no Brasil essa semana, veio reivindicar e discutir sobre um possível aumento no preço da tarifa paga pelo Brasil ao Paraguai na utilização de energia da usina de Itaipu e quer o fim da exclusividade de fornecimento ao Brasil. Itaipu foi construída em 1984, com dinheiro vindo, exclusivamente dos impostos pagos pelos cidadãos brasileiros. O Paraguai tem seu nome consignado no contrato binacional, pelo simples fato de que parte das águas do Rio Paraná, o qual gera a energia de Itaipu, vêm ou apenas percorrem uma parcela do território paraguaio. Todos os encargos e royalties, a manutenção, a gestão efetiva, e todo o conjunto de atividades que mantém a usina funcionando, é proveniente, ainda, do governo brasileiro, ou seja, dos contribuintes.
Por trás desse inocente encontro de presidentes, pode-se evidenciar uma vontade desejosa de transferir os holofotes que estão sobre o ex-bispo Lugo e suas escapadelas libidinosas. Também, para fugir um pouco das cada vez maiores pressõas sociais que afligem o ego do agora apelidado Lugaucho, acusado de ter filhos quando ainda atuava como bispo, inclusive até já assumiu a paternidade de um menino. E a fila de pedidos de testes de DNA continua aumentando. Mas não é para menos, quem mandou usar o slogan: "Lugo, o pai de todos os paraguaios".
Agora, vir questionar e tentar mudar sem nenhum argumento claro nem fundamento, um acordo fechado a várias décadas, em uma atitude descaradamente politiqueira, é visivelmente uma estupidez, que só faz crescer a acidez nas relacões entre brasileiros e guaranis. Isso apenas servirá para arranhar ainda mais, além de sua imagem como gestor publico, político, assim como a sua corroída imagem pessoal, manchada por um exame de DNA.
Menos mau que Lula, no entanto, também não cedeu aos alucinados apelos desse bacana. Ponto pra ti Lula.