quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Anjos e diabos

“Tem um anjinho e um diabinho aqui. O diabinho está falando pra fazer. Vai em frente, não pára”. Essa frase, para alguns, demonstra a fragilidade e instabilidade do estado psicológico do autor do crime, Lindemberg. Porém, outros peritos concluem que há na verdade um afloramento de caráter, o que evidencia a frieza e prepotência nas ações do rapaz. A questão explanada diz respeito à ausência ou presença da sanidade mental-intelectual ao sujeito do crime no momento fatídico. Mas não será esse ponto abordado aqui. É óbvio a todos, que sempre quando ocorre um crime doloso e é randomicamente adotado pela televisão que converte o factóide em um mix de novela e BBB, criando heróis, vilões, mocinhas e bandidos, mas que diferentemente da trama cavalheiresca genuína, nem sempre termina com um final feliz. Costumeiramente, à medida que a noticia escorre ao domínio público como um vírus contagioso, vai se tornado uma espécie de “sucesso”, um “hit do momento”, do qual as pessoas tratam de uma peculiar maneira, discutindo como se todo dia fosse o último capítulo. Dentro desse contexto é que entra em cena o assunto de maior relevância, a pena de morte, a qual, boa soma de brasileiros trata de modo despretensioso, e, pedantemente, mas isso é outro tema, o fruto da nossa condição sócio-educacional lastimável. No Brasil, poucos sabem, mas a pena de morte foi abolida parcialmente, atualmente só pode ser aplicada em tempo de guerra. Uma pesquisa CNI/Ibope sobre a pena de morte foi divulgada a 29 de Setembro de 2008, indicando que 54% dos entrevistados manifestaram opinião contrária à pena de morte, a favor da pena responderam 43%.

 Apesar de a maioria desaprovar esse tipo de punição, grande parte persiste em defender a pena capital, pois, muitos afirmam estar a favor como uma forma de mostrar seu descontentamento, ou sendo levados pela emoção da situação e até mesmo soltando uma bravata de momento, mas a avassaladora maioria é por pura falta de discernimento. As pessoas favoráveis, ao expressar sua opinião, muitas vezes são tidas com antiéticas; instituições de preservação da vida, como os direitos humanos, parecem ter mais afinidade com as câmeras em Santo Andre do que com o genocídio em Darfur, ou então com a guerra civil no Tibete, mas não adentraremos em tais questões.  

Na composição do mundo moderno, repleto de tabus morais e éticos, rígidos quase impenetráveis, os costumes de punir com a morte ficam restritos a países da África, Ásia e Oriente Médio e alguns desvios padrão como os Estados Unidos, lugar onde essa forma de repressão da violência funciona de maneira eficaz. O aço estrutural do pensamento conservador pode ser atribuído a igreja, cumpridora do seu papel, defende a cultura da vida, vendo a predisposição ao bem que há no homem, em contraste com a tendência atual do cultivo da morte. Em revés, paradoxalmente, em meio à banalização da criminalidade, diante de um exercício ineficaz da autoridade e de um poder corrupto por todo país, o senso comum e o juízo de valor das pessoas tendem a lastimar, a se queixar, num clamor em busca de uma mudança radical.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cordão sanitário

Já se passou o tempo em que os Estados Unidos ditavam as regras do jogo político no Continente americano, sobretudo e principalmente na América do Sul, onde governos neopopulistas se estabeleceram, tentando ressuscitar um período da História, as revoluções ultranacionalistas, ala Fidel e Che, revoluções em que o carro-forte era a aversão a dominação imperialista, na figura espoliante da bandeira americana, o fim tétrico dessas rebeliões se deu através de ditaduras que plugadas ao governo norte-americano massacraram o povo e a democracia por muitos anos. Com intuito, ou não, de reacender a chama de rivalidade capitalismo-socialismo dos tempos de guerra fria; atracou em águas venezuelanas para exercícios de praxe, navios de guerra russos, com toda a pompa cerimonial de Chávez, esse episódio suscitou a crise dos mísseis de Cuba de 1962, mas nada semelhante à rinha atual. O populismo também esconde a faceta do autoritarismo, volta e meia abrem um referendo ou plebiscito com propósitos de ampliar o poder, modificando a constituição ao estilo chavista acrescentando poderes especiais, o dito “hiperpresidencialismo”, o que o torna um absolutista, o produto disso é nacionalização de empresas estrangeiras, despotismo nas decisões governamentais, e no fim acaba sem exprimir os anseios do povo, daí então ocorrem fatos como a insurreição oposicionista que houve na Bolívia, a qual, embora violenta, buscava direitos civis, mas mesmo assim foi retaliada pelos cúmplices políticos de ‘esquerda’ do presidente Evo Morales.

O acirramento das questões diplomáticas entre os Estados Unidos e os países do “velho oeste” Sul-americano se estremeceram quando Evo declarou o embaixador dos EUA na Bolívia 'persona non grata'. Ele acusou Philip Goldberg de incitar as divisões políticas em seu país e de promover o separatismo; nada mais nada menos do que um pretexto para assumir posição de vitima diante dessa crise interna. Como o ‘intrometimento’ é costume na relação política entre os populistas latino americanos, Hugo Chávez além de também expulsar o embaixador americano em solo venezuelano, recitou a seguinte pérola: “América Latina não ficará de braços cruzados se Morales for derrubado. Já foi o tempo em que os EUA promoviam golpes e os demais países assistiam sem reagir”. Com a recessão na economia dos Eua que afetará de maneira direta ou indireta todos os mercados que tem relação intercambial efetiva de dependência, as coisas podem não ser tão catastróficas para nós e para os nossos vizinhos latinos do sul, não generalizando, mas se atendo aos principais países do continente, pois, visionando a situação atual em que já inexiste aquela eterna dependência econômica, de exportar a maior parte dos bens produzidos para os EUA, e tê-lo como o grande parceiro comercial, e é nesse ensejo que entra em cena o Brasil, economia em desenvolvimento que torna-se o par comercial dessas nações menores, suprimindo a parcial ausência estadudinense. Ou até mesmo como aconteceu durante e depois da grande depressão de 1929, onde a impossibilidade de importar, estimulou e abriu as portas para o crescimento da indústria e produção interna, assim o histórico de crise deixou efeitos relativamente benéficos à economia latino americana. Analisando da vertente positiva, e de uma certa maneira dando um valor plausível ao movimento esquerdista-populista nos moldes socialistas de Fidel, , logo porque esse afastamento, essa aversão, até mesmo a xenofobia que esse processo anti cultura norte americana traçou em países como Venezuela, Peru, Equador, Bolívia, nas figuras dos seus déspotas "desesclarecidos", serviu para livrar da constante influência dos EUA na região, ficando assim isentos de sujeição. De uma forma simples, toda a atitude de se libertar da dominação política e econômica americana surtiu efeito agora, no momento preciso, a América se vê livre, tendo imunidade ao ônus da crise que assola a economia do Norte. Um salve à Fidel!