sexta-feira, 25 de julho de 2008

Liberdade de expressão comercial: analysis



Depois de 30 anos, realizou-se, em São Paulo, o IV Congresso Brasileiro de Publicidade, reunindo cerca de 1.500 profissionais da mídia, das agências de publicidade e de prestadores de serviços de marketing. No texto de encerração proclamado no fim do evento, uma frase ganhou grande ênfase e destaque, causando uma discussão de importância sobrejacente ao tema "liberdade de expressão" no círculo mercadológico; foi a seguinte frase: "Repúdio a todas as iniciativas de censura à liberdade de expressão comercial, inclusive as bem intencionadas". A inserção da palavra "comercial" junto à "liberdade de expressão" distorce a semântica primitiva dessa expressão, que nesse caso torna-se uma prerrogativa em favor da intransigente auto-regulamentação da lei da publicidade brasileira e do entrave que há na constituição, que vela pelo combate e vigilância perpétua à propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos de uso restrito. É verdade que os anúncios publicitários ajudam a movimentar cerca de 57 bilhões ao ano no Brasil, mas que sob o manto ideológico do "não à censura" e da "livre iniciativa é a base da democracia", almeja quebrar esse obstáculo constitucional e conquistar esses ramos do mercado que são enforcados pela legislação.

Os argumentos da indústria publicitária, que por interesses, toma parte em favor do direito da livre expressão, como sendo os templários da liberdade de imprensa, pode ser legalmente questionados, logo que não é um direito absoluto, isso porque quando está em jogo outros tipos de direitos universais como o direito à vida, à saúde, à segurança, à dignidade humana, esses se sobrepõem potencialmente; propagandas que estimulam o consumo de cigarro, bebida e outros malefícios, sempre expõem o consumidor à riscos latentes de vida, saúde, segurança, etc.. Buscando outro viés; o que não pode ocorrer, e está ocorrendo, é a tutelação do consumidor, o Estado interferindo implicitamente, e retirando das pessoas do poder de decisão, acabando com a consciência e juízo de valor que a sociedade (massa consumidora) é capaz de formar, e, portanto tirando-as a capacidade de fazer escolhas, fazendo disso um preconceito, quase que dizendo que o povo não sabe escolher.
Mas, as tentativas da classe publicitária de transpor e exacerbar os limites das normas regulatórias podem ir por água abaixo, quando esbarrar em um novo cenário sócio-econômico-educacional brasileiro, que já começa a consolidar um perfil de consumidor mais exigente e mais bem informado, essa nova legião, que está a par das próprias necessidades e se preocupa com a saúde tende a se expandir cada vez mais, desfazendo até mesmo fronteiras regionais de preconceito. Fica claro, que quem deve definir até onde a publicidade pode agir, e o quanto ela poderá afetar a vida pública, é a própria sociedade civil de forma ativa e efetivamente dentro dos valores democráticos; aos publicitários e anunciantes cabe apenas fazer o seu papel seguindo uma ética e moral que os compete.

24 comentários:

Márcio Daniel Ramos disse...

A publicidade é muito pouco ética. Exemplo disto é a declaração citada no início. Sou contra a propaganda de drogas, seja álcool ou cigarro. E é muito cômodo à imprensa defender a si mesma, só que isso já é um tipo de manipulação, já que é a própria imprensa que incuti na população o conceito de que ela está acima de tudo, é inteligente, entre outras falsas atribuições. Já questionei algumas vezes em meu blog sobre a até que ponto é correta a liberdade de imprensa como símbolo da democracia num país onde essa imprensa é controlada por uma elite para manipular a massa(http://marciodanielramos.blogspot.com/2008/05/imprensa-e-democracia.html).

Supremoo507 disse...

legal teu blogger esta de parabens

Paulão Fardadão Cheio de Bala disse...

Legal essa posição, não? O governo não pode interferir no poder de julgamento da sociedade, mas as indústrias e empresas de propaganda podem esconder e distorcer os fatos para ludibriar o consumidor...

Jonatas Fróes disse...

Eu como publicitário, aprovo o veto de alguns tipo de produto que podem ser nocivos à massa e até causar a morte de um usuário. Porém, vejo o hoje que estão tentando barrar todo tipo de propaganda alegando coisas que chegam a ser insanas. Barrar comerciais de fast-food porque podem engordar, comercias de brinquedos e produtos voltados para criança por incentivarem a prática de consumo desde cedo e tal. Se fosse assim também deveriam barrar propaganda política por ludibriar a população com argumentos falsos, barrar propagandas de programas televisivos por alienar a mente dos cidadãos e etc.

Ainda é um campo muito polêmico a ser tratado hehe xD

[]'s

http://musica-holic.blogspot.com/

Unknown disse...

Parabéns pelo texto. Eu sou favorável a proibição da propaganda de cigarros, pois comecei a fumar durante a adolescência e me arrependo disso.

Portal Veritas disse...

Devemos tomar muito, muito cuidado com palavras como liberdade. Embora se discuta sobre isso desde a Antiguidade, herdamos seu conceito do Iluminismo: que o diga a Revolução Francesa se somos realmente livres. Eu acho que não!

Anônimo disse...

eu me afasto de assunto deste tipo, a propaganda ludbri o consumidor e nos como cidadãos não somo enganados tb pelo governo e pela nossa constituição??? fica tudo na mesma coisa...
http://sacochei.blogspot.com
visita lá e siquiser trocar link eh soh me avisar

Sandro S. Sorte disse...

Não acho que proibir as propagandas de cigarro ofende a liberdade de expressão. quem usa esse argumento o faz como estratégia para comercializar seus produtos mais livremente

Parabéns, seu texto é bem profissional!!

PCN disse...

Seu texto é bom, seu blog idem.
Suas opiniões são fortes, curti...

 ADM disse...

Cara o problema do Brasil é que muito se fala e pouco se execulta la ligado.
A propaganda vem dos grandes e sao eles que trazem o dim dim dos "grandes" de nosso pais, o resto nem preciso mais dizer mais nada.
http://mp4pontocom.blogspot.com/

blog disse...

Concordo com vc - em parte.
Para que haja discernimento por parte da sociedade civil é necessário que essa mesma soiedade tenha clareza de visão. Ou seja: tenha educação suficiente para saber o que prejudica e o que ajuda.
Claro que o poder público não tem o direito de dizer o que é certo ou errado, mas é necessário encontrar um "ponto ótimo" nessa situação.

É só observar as propagandas relativas a consumo de drogas. Álcool é tão desgraçadamente prejudicial quanto o cigarro. Talvez mais, partindo do ponto que ninguém, até hoje, matou famílias inteiras por ter fumado demais.
A questão está no lobby, nos interesses financeiros. Já imaginou o que seria da Escócia se o álcool fosse banido da sociedade? Ou da Ambev?
Caos.

Acredito realmente que é necessário educação para que se possa ter a augeza de escolha.
é realmente engraçado: publicitários discutindo o que eu vou consumir.
Uma piada.

Valeu a postagem.

FG

Anônimo disse...

sou estudande de comunicação e sou a favor sim da liberdade de propaganda
cada um q julgue se deve usar ou nao seja la qual for o produto

teu blog ta ótimo!
voltarei
Selene Valdragon

Anônimo disse...

Não acho legal as propagando de cigarro e bebidas, são todas simulano como se fosse uma coisa maravilhosa onde se sente bem e "faz bem", cois que não tem nada haver!!
Sempre com jovens, homens e mulheres bonitos.
Acho que influencia sim, nem tanto os adultos mas as crianças eu acredito que sim.
Não sou a favor de propaganda de "drogas".

abç..

Anônimo disse...

Neto, perfeita a argumentação do teu texto. Eu concordo com vc, liberdade sempre, sem tutelação, mas me apreende o fato de o público brasileiro ainda não ter tanto discernimento quanto a influência da máquina publicitária. Ainda somos um povo ingênuo e o pior, a nossa publicidade é altamente desenvolvida e tecnológica, entre as tops do mundo. É a velha dicotomia do Brasil, o grau mais elevado e o mais primitivo.
Beijo e parabéns, como sempre!
Letícia.

Carla M. disse...

Oi Neto, tudo bem?

pois que paradoxo!
apesar de não conseguir rebater tua argumentação, ela está perfeita, eu tenho que afirmar que sou a favor de uma certa regulação na publicidade.

penso mesmo no bem comum. cerveja, cigarro, tem que ter limite na propaganda. compreendo que haja uma reação publicitária amenizando alguns dos abusos, mas acho que ainda está muito longe do esperado.

compreendo a propaganda como um meio que reflete o conjunto das ações da nossa sociedade, mas acho que pela sua dimensão (propagar algo) as coisas tem que ser muito mais caretas.

beijo!

Lucas disse...

Complicado né bicho!?

Até onde a ética civíl nas propagandas afetam a liberdade de expressão?

A meu ver, propaganda política é tão prejudicial quanto as de cigarro.
[modo anarquista: ligado]
As duas fazem mal à população!


Texto muito bem escrito!

Abraço!

Márcio Daniel Ramos disse...

minha opnião sobre o assunto eu já dei. obrigado pela visita no meu espaço, e já que voçê me fês uma pergunta na página de comentários, aqui vai a resposta: sou calouro de Ciências Sociais da UFCG, só que minhas aulas só começam dia 19 de setembro. tambem estudo História na UEPB, a partir de semana que vem.
seu blog é muito bom, e as suas opniões tem muito respaldo, o que denota credibilidade...

N.Lym disse...

infelizmente tanto a publicidade quanto a impressa às vezes extrapolam os limites de liberdade e fazem trabalho que beira a libertinagem.

adorei vir aqui!! seu blog merece ser visitado sempre! muito criativo e rico em informações bacanas e curiosas!=D

Lê Stabiili disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lê Stabiili disse...

Eu sou a favor da liberdade total de expressão nas propagandas....Todo mundo deve saber julgar o certo e o errado!!!

Gostei do texto,e do blog!!!!


Bom dia !

Chowdapa disse...

I dunno ur language.. nice graphics and widgets though:)

Sandro S. Sorte disse...

Ix, já passei por aqui, mas é isso, acho que deve proibir sim as propagandas de cigarro e gostaria que proibisse também as de bebidas alcoolicas porque são produtos prejudiciais aá saúde do indivíduo!!

sacodefilo disse...

Esperar senso crítico da massa consumidora (essa mesma que entra com habeas corpus preventivo para ter o direto de se embriagar, dirigir e não fazer o teste do bafômetro), esperar postura moral e ética de anunciante que vende susbtâncias altamente tóxicas há décadas para público indiscriminado ... Você está de brincadeira, né? De que mundo estamos falando? Com certeza não vivemos num mesmo mundo. Deixo eu ir morar no seu paraíso? Deve ser bom demais...

Jessica Laviere disse...

Oiii Obrigada pelo comentário eu adorei,e respondendo a sua pergunta,ñ coloquei música ainda pq ñ sei como c faz....Bjuls